( Europa Press News / Colaborador/Getty Images)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 8 de maio de 2025 às 13h48.
Por essa nem os lojistas esperavam. As vendas de relógios de luxo cresceram espantosos 35,6% no mês de abril nos Estados Unidos, segundo dados da consultoria Luxury Watch Barometer divulgados pelo site Watch Pro. Um crescimento até era esperado. Mas não nessa dimensão.
As informações foram coletadas em mais de 2.500 revendedores de relógios de luxo em todo o país, de peças com preços entre 5 mil e 10 mil dólares. Os dados não incluem a comercialização de relógios da Rolex.
Isso aconteceu à medida em que os varejistas correram para fechar negócios com os clientes antes dos aumentos de preços previstos para maio, que de fato ocorreram, devido às novas tarifas de importação do governo americano.
Segundo Fred Levin, sócio-gerente da Luxury Watch Barometer, esse pico de vendas no mês de abril foi o resultado de um conjunto extraordinário de circunstâncias, algo fora da curva e que não deve se repetir tão cedo.
“Nunca vi um pico de vendas de 36% em nenhum mês ao longo dos muitos anos em que venho acompanhando o mercado de relógios”, disse ele ao site WatchPro. “Acredito que foi uma exceção. Os varejistas estavam entrando em contato com os clientes avisando sobre os aumentos de preços que aconteceriam em maio. Isso antecipou as vendas que poderiam ter ocorrido mais tarde no ano.”
No início de abril o governo americano anunciou inicialmente um aumento de tarifa de produtos importados da Suíça, em um total de 31%. Algumas semanas depois a administração de Donald Trump recuou em parte e manteve uma taxa de 10% - antes era de 3%.
Pouco depois do anúncio inicial de aumento de tarifas as principais marcas de relojoaria ajustaram os preços, repassando parte dessa diferença para os clientes. A Rolex, marca de relógios de luxo mais vendida do mundo, anunciou um aumento de preços de 3% a partir de maio.
Os varejistas da Rolex também reduziram em 1% a margem que mantêm de cada venda de relógio como parte da tentativa da marca de cobrir a tarifa adicional de 10% imposta pelo presidente Trump.
O grupo Swatch, do qual faz parte a Omega, terceira marca de relógios de luxo mais vendida no mundo, também anunciou pela segunda vez no ano um aumento de preços nos Estados Unidos, desta vez entre 7% a 10%.
Segundo analistas, existem duas razões principais para os aumentos de preços por parte das manufaturas. A primeira é esse aumento de tarifa de importação, de 3% para 10%. A outra foi o enfraquecimento do dólar frente ao franco suíço de quase 8% no período de quatro semanas.
A incerteza dos mercados globais desde o início do ano com os anúncios e depois recuos de aumentos de tarifas por parte do governo americano também fez com que investidores buscassem alternativas para os seus recursos. Isso impulsionou o preço do ouro, metal bastante usado na fabricação de relógios de luxo.
Os preços do ouro têm subido de forma constante nos últimos anos, com aumento de 13% em 2023, 27% em 2024 e 23% até agora neste ano. Isso mais do que dobrou o custo do metal de 2020 para cá.
Outra mudança que vem acontecendo no mercado é um aumento de relógios em um mercado secundário cada vez mais profissional e confiável. Esse será um novo desafio para as marcas: como lidar com o aumento de custos de importação e a concorrência de vendedores não autorizados.
Por enquanto o mercado segue estável. Em março, foi registrado um aumento de 1,5% nas exportações de relógios suíços, segundo a Fédération de l’industrie Horlogère Suisse. Nos três primeiros meses de 2025, o balanço é de 1,1% a menos em relação ao mesmo período do ano passado.