Leonardo Leão: mais três projetos nos próximos anos, que incluem até um hotel flutuante (Leandro Fonseca /Exame)
Diretor de redação da Exame
Publicado em 2 de julho de 2025 às 16h36.
Última atualização em 2 de julho de 2025 às 17h05.
Parintins (Amazonas)* - Você acorda e prepara um café com prensa francesa em sua suíte. Desce para um café da manhã com opções como ovos benedict. Corre uns minutos na esteira. Faz uma massagem no spa. Toma um fitzgerald numa jacuzzi aquecida. Tudo isso navegando pelo Rio Amazonas, a centenas de quilômetros de distância de Manaus.
É o tipo de rotina que o dinheiro pode comprar a bordo do Rio Negro Queen, um barco que redefiniu o conceito de exclusividade no turismo náutico na Amazônia. A reportagem da EXAME se hospedou no navio voltando do Festival Folclórico de Parintins, num convite da Coca-Cola Brasil.
Na alta temporada de pesca, de setembro a março, o Rio Negro Queen recebe até 30 turistas por semana, em pacotes que custam em torno de 10 mil dólares por pessoa (algo como 55 mil reais). Cada passageiro paga, portanto, cerca de 8 mil reais a diária para conhecer a Amazônia com o conforto de um hotel cinco estrelas. O responsável pela cozinha, por exemplo, é Roland Villard, ex-chef do Sofitel no Rio de Janeiro e com estrela Michelin no currículo.
Na volta do festival folclórico, o Rio Negro Queen era ultrapassado pelos barcos tradicionais que fazem a rota Parintins-Manaus, com até 2 mil pessoas a bordo equipadas com suas redes, em viagens que custam de 300 a 600 reais por pessoa.
Os trajetos do trecho de mais de 400 quilômetros duram de 8 a 24 horas, e fazem parte da rotina dos amazônidas. O objetivo do Rio Negro Queen é outro: a contemplação. Ou a pesca esportiva. Como nove entre dez clientes são norte-americanos, o navio acaba sendo um chamativo cartão de visitas da Amazônia para turistas com dinheiro para ir a qualquer lugar do mundo. E que escolhem conhecer a maior floresta tropical do planeta.
A dona da embarcação é a Captain Peacock, do empresário manauara Leonardo Leão. Ex-piloto da Varig, ele começou a pilotar barcos e a apresentar a região para estrangeiros há mais de 20 anos. Em 2015, começou a construir seu atual navio, avaliado em R$ 35 milhões de reais.
Atualmente, a empresa emprega 40 funcionários, todos amazonenses, como faz questão de destacar o empresário. A cada viagem, são cerca de 30 funcionários para atender os até 30 passageiros.
A meta é lançar mais três projetos nos próximos anos: um hotel flutuante, um novo barco de navegação interestadual e um projeto em Manaus. "Quero trazer 5 mil visitantes por ano para conhecer a Amazônia", diz Leão.
Ele montou uma base de vendas no Texas, em virtude da alta conexão do público americano com a pesca esportiva. Mas espera ampliar o percentual de brasileiros entre seus clientes. Um recorde mundial de maior tucunaré pescado impulsionou os negócios, em 2010.
"O turista estrangeiro é o maior apreciador da Amazônia. O brasileiro ainda precisa entender mais o valor que tem o Brasil", diz o empresário.
Entre os clientes famosos estão Howard Schultz (ex-CEO da rede de cafeterias Starbucks), Ana Botín (presidente do conselho do banco espanhol Santander), Donald Trump Jr., Ana Maria Braga, a banda Guns N'Roses, as seleções brasileiras de futebol feminina e masculina.
A lista de autoridades deve crescer durante a COP30, a conferência do clima, em Belém, em novembro. O Rio Negro Queen estará estacionado na capital paraense, testemunha de mais um capítulo importante da conexão da Amazônia com o mundo. Oferecendo todo o conforto possível, naturalmente.
*O jornalista viajou a convite da Coca-Cola do Brasil