Alzheimer: descoberta em ratos e humanos abre caminho para diagnóstico precoce (Liudmila Chernetska/iStock /Getty Images)
Repórter
Publicado em 6 de outubro de 2025 às 15h05.
Última atualização em 6 de outubro de 2025 às 15h25.
Um estudo da Universidade Internacional da Flórida (FIU), publicado no periódico científico Acta Neuropathologica, sugere que o Alzheimer pode ser detectado muito antes do surgimento dos primeiros sintomas.
A pesquisa destaca a proteína TSPO (translocator protein 18 kDa) como um dos marcadores mais precoces da doença e um potencial alvo para novos tratamentos.
De acordo com os cientistas, a proteína se eleva no cérebro em estágios iniciais de inflamação, um processo que antecede a perda de memória e o declínio cognitivo.
Em exames de imagem, a presença de TSPO aparece de forma intensa, indicando atividade inflamatória em áreas críticas do cérebro ligadas ao aprendizado e à memória.
O estudo, liderado por Tomás R. Guilarte, reitor da Faculdade Robert Stempel de Saúde Pública e Serviço Social da FIU, mostrou que a TSPO surge no mesmo momento em que pequenos aglomerados de placas de amiloide começam a aparecer no subículo, parte do hipocampo — região essencial para a memória.
Os resultados foram obtidos a partir de testes em camundongos com modelo de Alzheimer e confirmados em tecidos de pacientes humanos. Outro ponto relevante é que níveis mais altos da proteína foram observados em fêmeas, o que se alinha ao dado epidemiológico de que dois terços dos pacientes de Alzheimer são mulheres.
A equipe contou com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Antioquia, na Colômbia, que disponibilizaram amostras de cérebros de pacientes de Medellín e de vilarejos nas montanhas do noroeste do país, onde cerca de 1,2 mil pessoas herdaram a mutação Paisa, forma hereditária rara da doença identificada pelo neurologista Francisco Lopera. Esses indivíduos costumam apresentar sintomas ainda na faixa dos 30 ou 40 anos.
Segundo os autores, embora a pesquisa tenha se concentrado em casos genéticos de início precoce, a descoberta reforça a hipótese de que a neuroinflamação desempenha papel central em todos os tipos de Alzheimer, incluindo os mais comuns e de início tardio.
O próximo passo dos cientistas é ampliar a análise para cérebros de pacientes com Alzheimer esporádico, mais frequente na população. A expectativa é que, ao identificar biomarcadores como a TSPO, seja possível desenvolver ferramentas de diagnóstico precoce e tratamentos personalizados, capazes de atrasar os sintomas em anos.