Tratamento funciona como um hidrogel injetável, administrado em uma sessão de 30 minutos (Contraline/ reprodução)
Redação Exame
Publicado em 30 de abril de 2025 às 12h27.
Última atualização em 30 de abril de 2025 às 13h40.
O contraceptivo masculino desenvolvido pela Contraline, Inc. pode estar disponível nas prateleiras até 2028, após resultados promissores em testes clínicos. O tratamento, chamado ADAM™, consiste em um hidrogel injetável que bloqueia a movimentação dos espermatozoides sem interferir na ejaculação ou na sensação sexual.
De acordo com os fabricantes, o procedimento dura cerca de 30 minutos, e o efeito pode durar até dois anos.
O hidrogel atua no ducto deferente, o tubo que conecta os testículos à uretra, impedindo o trânsito dos espermatozoides. Ao fim de sua duração, o gel se liquefaz e o fluxo dos espermatozoides é restaurado, sem causar danos permanentes ao organismo.
“O ADAM™ oferece uma opção contraceptiva não hormonal, de longa duração e reversível, sem os efeitos colaterais comuns aos métodos tradicionais”, afirma Kevin Eisenfrats, CEO da Contraline.
Ele destaca que, até o momento, apenas dois participantes dos testes apresentaram azoospermia – ausência de espermatozoides no sêmen – após 24 meses de uso do gel, e não houve efeitos adversos graves.
A proposta do ADAM™ vem como uma alternativa à vasectomia, método permanente, mas que apresenta dificuldades de reversibilidade. O novo método é considerado atraente por sua característica de ser “instalado e esquecido”, como o DIU feminino ou o implante contraceptivo.
Isso significa que, uma vez administrado, o homem não precisaria se preocupar com a contracepção diária, como acontece com a pílula.
“O ADAM™ se encaixa na categoria dos métodos vaso-oclusivos, ou seja, bloqueia os espermatozoides diretamente na fonte. A diferença é que, enquanto outros métodos exigem um procedimento para remoção, o ADAM™ é projetado para ser temporário e reversível”, explica Eisenfrats.
Os ensaios clínicos continuam, e a próxima fase, já aprovada, contará com um número maior de participantes. A empresa espera que, até 2028, o produto esteja acessível ao público.
Pesquisadores da Contraline acreditam que a aceitação dos homens em relação a contraceptivos masculinos está maior do que nunca. Segundo Eisenfrats, há uma clara demanda do consumidor por opções mais flexíveis e seguras, refletindo uma mudança cultural em relação à contracepção masculina. “Hoje, os homens estão mais abertos a novas alternativas do que há algumas décadas”, afirma o executivo.