Ciência

Ararinhas-azuis são consideradas extintas após infecção por vírus letal sem cura

Segundo o Instituto Chico Mendes, últimos 11 animais da espécie que estavam na natureza foram infectados

Objetivo antes da contaminação era reintegrar as aves, que permanecerão em cativeiro (flickr/Ricardo Castro)

Objetivo antes da contaminação era reintegrar as aves, que permanecerão em cativeiro (flickr/Ricardo Castro)

Publicado em 27 de novembro de 2025 às 14h56.

Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), as últimas 11 ararinhas-azuis que estavam na natureza foram infectadas pelo circovírus, popularmente conhecida como "doença do bico e das penas".

A doença não tem cura e costuma ser fatal para os animais. Com a contaminação, os animais não poderão retornar a seu habitat, agravando a situação da espécie, já considerada extinta na natureza desde 2020.

As aves foram repatriadas da Europa e passaram a viver no criadouro da empresa Blue Sky, na Bahia. A espécie é considerada uma das mais raras do mundo. Antes da infecção, o objetivo do projeto era devolvê-las à vida livre. Em novembro, uma ordem judicial determinou a recaptura do grupo.

Segundo o ICMBio, após o recolhimento do criadouro elas passaram por testes que apontaram a doença no grupo.

Embora não ofereça risco para os humanos, o circovírus é agressivo para as aves. Entre os sintomas estão falhas no empenamento, alterações na coloração das penas e deformações no bico.

Como ocorre a contaminação?

Para o instituto, o criadouro da Blue Sky não tomou medidas sanitárias para evitar a contaminação e abriu brechas para outras aves contaminarem as ararinhas. Entre as falhas citadas estão viveiros e comedouros sujos e falta de equipamentos de proteção (EPIs) para os funcionários que cuidavam dos animais.

A contaminação do vírus entre os psitacídeos e canários pode acontecer por meio da inalação do pó de penas contaminadas, do contato com fezes de outras aves doentes ou com transmissão vertical, quando os ovos e filhotes são infectados pelas mães.

No caso das ararinhas, não foi possível identificar como e quando elas contraíram o circovírus.

"Se as medidas de biossegurança tivessem sido atendidas com o rigor necessário e implementadas da forma correta, talvez a gente não tivesse saído de apenas um animal positivo para 11 indivíduos positivos para circovírus", explica a coordenadora da Coordenação de Emergências Climáticas e Epizootias do ICMBio, Cláudia Sacramento.

A expectativa de Cláudia é que outras espécies de psitacídeos não tenham sido afetadas pela infecção.

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