Ciência

Até Albert Einstein já errou: os deslizes do maior cientista da história

Pai da relatividade errou em série — e seus equívocos ajudaram a construir os pilares da ciência contemporânea

Albert Einstein: até o cientista mais famoso do mundo já errou (Ernst Haas / Colaborador/Getty Images)

Albert Einstein: até o cientista mais famoso do mundo já errou (Ernst Haas / Colaborador/Getty Images)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 11 de novembro de 2025 às 09h48.

Albert Einstein revolucionou a física com a teoria da relatividade, mas também cometeu erros ao longo de sua carreira.

Entre 1905 e 1946, o físico alemão negou fenômenos que hoje são centrais na cosmologia e deixou registros de equívocos matemáticos, conceitos mal interpretados e resistência à revisão de ideias.

Paradoxalmente, muitos desses erros se tornaram fundações da física moderna, como as lentes gravitacionais, as ondas gravitacionais e a própria energia escura.

O "maior erro" de Einstein

Em 1917, ao aplicar a relatividade geral ao cosmos, Einstein assumiu que o universo era estático. Para ajustar as equações a essa ideia, introduziu a constante cosmológica — um termo que forçava um equilíbrio artificial entre expansão e gravidade.

A constante criava um estado instável e mascarava a real dinâmica do universo: a expansão.

Quando confrontado com os cálculos de Georges Lemaître, Einstein respondeu: “seus cálculos estão corretos, mas sua física é abominável”.

Anos depois, com as evidências de Edwin Hubble, o próprio Einstein reconheceria o acréscimo como seu “maior erro”. Ironicamente, o termo retornaria à física moderna como representação matemática da energia escura.

Ondas gravitacionais

Em 1916, Einstein previu a existência das ondas gravitacionais. Logo depois, passou a negar que pudessem existir fisicamente, devido a singularidades em seus cálculos — que surgiam apenas por conta do sistema de coordenadas adotado.

Einstein errou ao confundir um artefato matemático com uma impossibilidade física real. Após objeções de colegas como Gösta Nordström e Erwin Schrödinger, ele revisou os cálculos e publicou uma nova versão em 1918.

As ondas gravitacionais seriam confirmadas quase um século depois, em 2015, pelo observatório LIGO.

Buracos negros: uma recusa baseada em erro

Em 1939, Einstein publicou um artigo negando que buracos negros fossem reais.

Afirmou que a singularidade de Schwarzschild era apenas um efeito matemático e que a conservação do momento angular impediria a formação de horizontes de eventos.

Menos de um ano depois, Oppenheimer e Snyder demonstraram que buracos negros podiam sim se formar por colapso gravitacional estelar. O modelo, baseado na própria relatividade geral, foi amplamente validado por observações nas décadas seguintes.

Lentes gravitacionais: cálculo errado e descrença

Em 1911, com uma versão incompleta da relatividade, Einstein calculou incorretamente a deflexão da luz pelo Sol: 0,83 segundos de arco, valor igual ao obtido por Soldner sob a ótica newtoniana.

Em 1915, com a teoria completa, ele corrigiu o desvio para 1,7 segundos — valor confirmado pela observação.

Mesmo após derivar as equações das lentes gravitacionais, Einstein menosprezou sua relevância científica. Em 1936, revisitou o tema, mas novamente desdenhou da possibilidade de observação prática. Anos depois, o fenômeno se tornaria fundamental na cosmologia observacional.

E=mc²: a fórmula certa, a dedução errada

Einstein apresentou sua equação mais famosa em 1905, mas cometeu falhas fundamentais na dedução. Críticos como Max Planck e Herbert Ives apontaram inconsistências conceituais e raciocínio circular.

A única dedução totalmente rigorosa de Einstein veio apenas em 1907, dois anos após a publicação original. A validade de E=mc² nunca esteve em dúvida, mas o caminho até ela foi mais tortuoso do que parece.

Resistência à mecânica quântica: o desejo por determinismo

Einstein rejeitou por décadas o caráter probabilístico da mecânica quântica. Acreditava que uma teoria de variáveis ocultas, ainda desconhecida, explicaria a aleatoriedade aparente. Junto a Podolsky e Rosen, formulou o famoso paradoxo EPR.

Mas os experimentos que testaram o teorema de Bell mostraram que não existem variáveis ocultas locais que expliquem o comportamento quântico.

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