Ciência

Biohacking: o que é a técnica que transforma tecnologia em aliado da saúde e do envelhecimento

De dietas personalizadas a chips no cérebro, a tendência atrai bilionários e entusiastas em busca de longevidade e performance

Biohacking: combinação de engenharia com biologia, manipulando a performance humana para gerar benefícios relacionados ao estilo de vida e à saúde física e mental ( Mark RALSTON / AFP/Getty Images)

Biohacking: combinação de engenharia com biologia, manipulando a performance humana para gerar benefícios relacionados ao estilo de vida e à saúde física e mental ( Mark RALSTON / AFP/Getty Images)

Publicado em 15 de outubro de 2025 às 07h14.

Unir tecnologia à melhoria de ambientes, objetos e até organismos humanos deixou de ser apenas ficção científica. O biohacking combina engenharias com biologia, manipulando a performance humana para gerar benefícios relacionados ao estilo de vida e à saúde física e mental. O mercado global da técnica deve alcançar US$ 78,67 bilhões em receita até 2033, segundo relatório da Spherical Insights.

Em inglês, “hack” se refere à prática de codificar ou modificar sistemas e plataformas. Nos anos 1990, o termo ganhou má-fama com a popularização da internet e as invasões de ciberpiratas — os famosos hackers — em computadores. Mas, na tecnologia, um hacker também é visto como profissional que aprimora softwares e hardwares. Assim, quem estuda tecnologia aliada à biologia pode se autodenominar biohacker.

Ao pensar em tecnologias que influenciam o corpo humano, é comum imaginar membros e órgãos biônicos. No entanto, o biohacking pode ser muito mais simples. A cromoterapia, por exemplo, utiliza cores para melhorar a saúde mental e é considerada parte dessa combinação tecnológica.

Entusiastas apostam no mercado bilionário

O biohacking não exige laboratórios sofisticados nem grandes pesquisas. Pesquisadores e entusiastas conseguem, de forma caseira, analisar moléculas e estruturas — estudos que podem se transformar em oportunidades de negócios no futuro.

Um dos nomes mais conhecidos do biohacking é o bilionário Bryan Johnson, apelidado de “o homem que quer ser imortal”. Ele investe em tecnologias e experimentos para prolongar a longevidade, incluindo transfusões de plasma de seu filho adolescente.

Johnson aplica o biohacking em seu projeto Blueprint, que busca retardar o envelhecimento físico e estético. O programa oferece dieta personalizada com suplementos, exercícios intensos e tratamentos com luz infravermelha. Segundo ele, o investimento anual chega a US$ 2,2 milhões.

Outro exemplo é Ben Greenfield, preparador físico de celebridades hollywoodianas. Em 2020, ele afirmou ter 40 anos, mas idade biológica de 9. Seu objetivo é chegar aos 90 anos com idade biológica de 25. Para isso, segue uma rotina rigorosa de alimentação, exercícios e suplementação, semelhante à de Johnson.

Embora o combate ao envelhecimento seja um dos focos mais visíveis do biohacking, a prática vai muito além.

Procedimentos de biohacking apontam para o futuro da saúde

A fusão entre tecnologia e biologia já trouxe resultados impressionantes em casos delicados. É o caso de Keith Thomas, ex-tetraplégico que recuperou os movimentos após implantar chips de inteligência artificial no cérebro.

A cirurgia, que durou cerca de 15 horas, conectou o cérebro à medula espinhal, permitindo que Thomas sentisse o toque da irmã pela primeira vez após o procedimento. Cientistas, entretanto, alertam que procedimentos invasivos ainda representam alto risco e podem não atingir os resultados esperados.

Seja em grandes feitos ou produtos mais acessíveis, o biohacking se consolida como uma prática que não apenas aprimora a capacidade do corpo humano, mas também abre novas possibilidades para tratar doenças e condições de saúde antes consideradas sem solução.

Acompanhe tudo sobre:exame.coreBem-estarSaúde

Mais de Ciência

Colisão de buracos negros comprova previsões quase centenárias de Einstein e Hawking

A nova pangeia vem aí? África está se partindo e pode ter novo oceano

Lobotomia e fraude: os casos mais controversos do Prêmio Nobel

Ozempic e Wegovy podem ter efeito colateral inusitado, diz pesquisa