Camarão radioativo: comida foi retirada do Walmart
Redação Exame
Publicado em 20 de agosto de 2025 às 08h26.
A Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês), órgão análogo à Anvisa no Brasil, emitiu um alerta à população americana sobre a segurança de camarões congelados da marca "Great Value", vendidos exclusivamente nas lojas Walmart. O aviso foi dado após a detecção de contaminação radioativa nas remessas do produto, que foram importadas de um fornecedor indonésio chamado BMS Foods.
De acordo com a FDA, foi encontrado césio-137, um isótopo radioativo resultante da fissão nuclear, em uma amostra de camarões empanados detidos nos portos dos Estados Unidos, incluindo os de Los Angeles, Houston, Savannah e Miami.
Embora a remessa contaminada nunca tenha chegado ao mercado, a agência de saúde emitiu o alerta para os camarões congelados do Walmart, uma vez que esses também vieram do mesmo fornecedor. A FDA informou que o produto “parece ter sido preparado, embalado ou armazenado sob condições insalubres, o que pode ter causado a contaminação com o isótopo Cs-137”.
O nível de césio-137 encontrado nas amostras — aproximadamente 68 becquerels por quilograma — está bem abaixo do limite de intervenção da FDA, que é de 1.200 Bq/kg. No entanto, os reguladores optaram por emitir o alerta como medida de precaução, devido aos potenciais riscos à saúde causados pela exposição a longos períodos de baixas doses de radiação, incluindo o aumento no risco de câncer.
O aviso se aplica aos pacotes de camarões-brancos vannamei congelados da marca Great Value, com peso de 907 gramas (2 libras), vendidos em supermercados Walmart.
Todos os lotes afetados possuem data de validade até 15 de março de 2027. Os produtos foram distribuídos para lojas Walmart em pelo menos 13 estados, incluindo Alabama, Arkansas, Flórida, Geórgia, Kentucky, Louisiana, Missouri, Mississippi, Ohio, Oklahoma, Pensilvânia, Texas e Virgínia Ocidental. A FDA recomendou que os consumidores que compraram o produto devolvam-no ou descartem-no imediatamente.
Embora a FDA tenha afirmado que nenhuma remessa contaminada tenha sido distribuída ao mercado, a complexidade do caso levanta diversas questões. A contaminação com o isótopo radioativo foi encontrada em um único lote, mas os contêineres usados para o transporte de camarões passaram por quatro grandes portos norte-americanos, o que gera dúvidas sobre como a contaminação ocorreu na cadeia de suprimentos. A agência não forneceu explicações detalhadas sobre a origem do problema, apenas mencionando que o produto "poderia ter sido contaminado devido a condições inadequadas em alguma parte do processo de preparação", segundo o site Futurism.
O caso gerou especulações sobre o possível uso de contêineres de transporte sujos ou mal-limpos, o que pode ter causado a contaminação cruzada.
Phil Broughton, físico de saúde da Universidade da Califórnia, sugeriu em uma postagem que a contaminação poderia ser fruto de um corte de custos no processo logístico, com empresas negligenciando os cuidados com a higiene dos contêineres.
O Walmart, por sua vez, afirmou que "imediatamente retirou o produto das lojas afetadas". Uma investigação sobre o caso está sendo conduzida em colaboração com as autoridades regulatórias de frutos-do-mar da Indonésia.