Ciência

Candidata a vacina contra HIV da Johnson & Johnson tem baixa eficácia

Embora não tenha provocado efeitos colaterais graves, a eficácia da vacina na prevenção da infecção pelo HIV foi de pouco mais de 25%

 (Anna Efetova/Getty Images)

(Anna Efetova/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 1 de setembro de 2021 às 13h18.

Última atualização em 1 de setembro de 2021 às 13h21.

A tão esperada vacina contra o HIV desenvolvida pelo laboratório Johnson & Johnson não forneceu uma proteção adequada em um ensaio clínico envolvendo mulheres jovens em cinco países da África Subsaariana, anunciaram nesta terça-feira (31) a empresa e autoridades de saúde dos Estados Unidos.

Embora a vacina não tenha provocado efeitos colaterais graves, sua eficácia na prevenção da infecção pelo HIV foi de pouco mais de 25%.

É uma grande decepção no combate a essa doença - que atinge 38 milhões de pessoas em todo o mundo - e contra a qual a busca por uma vacina não encontrou sucesso até o momento.

Após o anúncio do resultado, o chamado ensaio "Imbokodo", que começou em 2017 e incluiu cerca de 2.600 mulheres com entre 18 e 35 anos, será interrompido e as participantes do Malauí, Moçambique, África do Sul, Zâmbia e Zimbábue serão informadas se receberam a vacina ou placebo.

As mulheres e meninas representaram 63% das novas infecções por HIV em 2020 nesta região.

Algumas participantes receberam quatro injeções da vacina ao longo de um ano, e outras receberam um placebo. Dois anos após a primeira injeção, 51 das 1.079 participantes que receberam a vacina contraíram o HIV, em comparação com 63 entre as 1.109 participantes que receberam placebo.

Paul Stoffels, diretor científico da J&J, agradeceu às mulheres que participaram do ensaio e aos parceiros do laboratório em um comunicado.

"Apesar da nossa decepção que a vacina candidata não forneceu um nível suficiente de proteção contra a infecção pelo HIV no ensaio Imbokodo, o estudo fornecerá descobertas científicas importantes na busca contínua por uma vacina para prevenir o HIV", disse ele.

A vacina da J&J usa tecnologia de "vetor viral" - a mesma usada para sua vacina contra a covid-19. Um tipo comum de vírus, chamado adenovírus, é modificado para se tornar inofensivo e transportar informações genéticas que permitem ao corpo lutar contra o vírus-alvo.

"Devemos aplicar o conhecimento aprendido no ensaio Imbokodo e continuar nossos esforços para encontrar uma vacina que proteja contra o HIV", declarou, por sua vez, Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, que está co-financiando o estudo.

O laboratório, porém, continuará com um ensaio paralelo, chamado Mosaico, em homens que fazem sexo com homens e indivíduos trans que é realizado nas Américas e na Europa, onde a composição da vacina difere, assim como as cepas prevalentes do HIV.

A conclusão desse estudo está prevista para março de 2024.

E, de acordo com um site do governo dos EUA, o laboratório Moderna deve começar os testes em setembro de duas vacinas contra o HIV usando a nova tecnologia de RNA mensageiro - usada pela empresa de biotecnologia para sua vacina anticovid-19.

Nas quatro décadas desde que os primeiros casos do que viria a ser conhecido como aids foram documentados, os cientistas fizeram grandes avanços no tratamento do HIV, transformando o que antes era uma sentença de morte em uma condição administrável.

Acompanhe tudo sobre:Johnson & JohnsonAidsVacinas

Mais de Ciência

Cabe um docinho? Estudo explica por que sempre sobra espaço para sobremesas ao final das refeições

SpaceX adia lançamento do Starship após problemas técnicos

Como identificar mentirosos? Cientista revela técnica 'infalível' para desmascarar os inimigos

Após 600 anos, peste negra voltou? O que se sabe sobre caso registrado da doença e possíveis riscos