Ciência

Cérebro pode envelhecer mais rápido que o corpo? Saiba se é possível medir idade biológica do órgão

Avaliação da idade biológica do cérebro poderia prever doenças crônicas e ajudar na personalização de tratamentos, segundo estudos

Idade biológica do cérebro: estudos mostram que envelhecimento acelerado do órgão pode antecipar riscos de demência e morte (Getty Images/Getty Images)

Idade biológica do cérebro: estudos mostram que envelhecimento acelerado do órgão pode antecipar riscos de demência e morte (Getty Images/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 22 de julho de 2025 às 12h53.

O Dia Mundial do Cérebro é comemorado nesta terça-feira, 22 de julho. Recentemente, estudos científicos revelaram que o cérebro pode envelhecer de maneira acelerada em relação à idade cronológica, elevando os riscos de doenças graves, como demência e até morte precoce.

Pesquisas conduzidas por universidades como Stanford, Duke University e University of Otago, mostram que é possível medir o envelhecimento biológico do cérebro com precisão, usando métodos como exames de sangue e ressonância magnética, oferecendo uma nova perspectiva para intervenções preventivas e tratamentos personalizados.

Como a ciência está medindo o envelhecimento cerebral

Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, desenvolveram um método para calcular a idade biológica de órgãos, com destaque para o cérebro.

O estudo, publicado em 9 de julho de 2025 na revista Nature Medicine, analisou mais de 3.000 proteínas em amostras de sangue de cerca de 45 mil pessoas. Um algoritmo treinado por aprendizado de máquina estimou o envelhecimento de 11 sistemas de órgãos, incluindo cérebro, coração e rins.

A análise apontou que cérebros biologicamente mais velhos aumentam em até 12 vezes o risco de desenvolver Alzheimer na década seguinte.

Além disso, pessoas com cérebro envelhecido apresentaram 182% mais risco de morte em um intervalo de 15 anos, em comparação a indivíduos com envelhecimento cerebral normal.

Testes usam sangue e imagem para medir idade dos órgãos

O exame de sangue proposto por Stanford foi licenciado para uma empresa de biotecnologia e utiliza biomarcadores proteicos para apontar a idade biológica dos órgãos.

Os dados mostraram, por exemplo, que corações envelhecidos indicam maior risco de fibrilação atrial e insuficiência cardíaca, enquanto pulmões envelhecidos estão relacionados a maior incidência de DPOC.

Paralelamente, uma equipe da Duke University, em parceria com a University of Otago, na Nova Zelândia, desenvolveu um algoritmo chamado DunedinPACNI, que estima o envelhecimento do cérebro usando exames de ressonância magnética.

Os pesquisadores utilizaram dados de 50 mil exames cerebrais e informações do estudo longitudinal Dunedin, com 1.037 indivíduos acompanhados desde o nascimento, em 1972 e 1973.

Nova abordagem pode antecipar tratamentos personalizados

A proposta da equipe de Duke é isolar o envelhecimento biológico de influências geracionais, como exposição ao cigarro ou poluentes. O algoritmo analisa sinais como afinamento cortical e encolhimento do hipocampo, relacionados ao declínio cognitivo.

A tecnologia oferece precisão superior e pode ser integrada a exames clínicos já disponíveis, acelerando diagnósticos.

Especialistas afirmam que essas ferramentas podem orientar intervenções preventivas, como mudanças de estilo de vida e tratamentos personalizados, mesmo antes da manifestação de sintomas.

Próximos passos e desafios na aplicação clínica

A ferramenta de Stanford ainda não está disponível amplamente. Já o algoritmo DunedinPACNI, por usar ressonâncias padrão, pode ser mais rapidamente implementado. Uma versão complementar, o DunedinPACE, já demonstrou capacidade de prever doenças em populações dos Estados Unidos, Reino Unido e América Latina.

A pesquisadora Terrie Moffitt, da Duke University, afirma que o objetivo é atuar precocemente: “intervir antes que as doenças relacionadas à idade se desenvolvam”.

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