sangue veia (SCIEPRO/Getty Images)
Colaboradora na Exame
Publicado em 17 de agosto de 2025 às 19h26.
A ideia de usar sangue jovem para restaurar a juventude — antes restrita à ficção e histórias de vampiros — começa a ganhar base científica.
Um estudo publicado em 25 de julho na revista Aging revelou que proteínas presentes no soro sanguíneo de indivíduos com menos de 30 anos podem estimular processos de rejuvenescimento em células da pele, desde que interajam com células da medula óssea.Análises identificaram 55 proteínas diferentes que estavam sendo produzidas pela medula óssea em resposta ao sangue jovem
O trabalho foi conduzido por cientistas da empresa alemã de dermocosméticos Beiersdorf AG, que criaram em laboratório um modelo de pele humana em 3D.
Os pesquisadores compararam o efeito do soro sanguíneo jovem com o de doadores mais velhos e descobriram que, sozinho, o soro não produzia impacto significativo.
No entanto, quando combinado com células da medula óssea, surgiram sinais claros de rejuvenescimento, como aumento da proliferação celular, maior atividade metabólica e alterações na metilação do DNA — indicadores de redução da idade biológica do tecido cutâneo.
“A pele, como nosso maior órgão, é um tecido valioso para investigar o envelhecimento, pois os primeiros sinais de envelhecimento são na maioria das vezes visíveis, e ela reflete a saúde geral do ser humano”, escreveram os cientistas no estudo.
Os pesquisadores identificaram 55 proteínas produzidas pela medula óssea em resposta ao sangue jovem, das quais sete estão diretamente ligadas a funções essenciais para a juventude da pele, como a renovação celular e a produção de colágeno.
“Identificamos várias proteínas que podem ser fatores responsáveis por rejuvenescer a pele em nosso sistema”, escreveram os autores. “Estudos futuros são necessários para validar ainda mais nossas proteínas identificadas no contexto de rejuvenescimento e envelhecimento sistêmico da pele.”
Segundo os cientistas, a descoberta tem enorme potencial para desvendar os mecanismos biológicos por trás do envelhecimento. No entanto, os experimentos foram feitos apenas em tecidos cultivados in vitro, e ainda é necessário avançar para testes em organismos vivos antes de qualquer aplicação clínica.
O conceito de que o sangue tem o poder de prolongar a vida e restaurar a juventude existe há séculos. Agora, há uma quantidade crescente de evidências científicas de que ele pode, de fato, desempenhar um papel nesse processo.
“O envelhecimento é um processo complexo que contribui significativamente para doenças relacionadas à idade e representa desafios significativos para intervenções eficazes, com poucas abordagens antienvelhecimento holísticas revertendo com sucesso seus sinais”, escreveram os pesquisadores.
O estudo se soma a pesquisas que sugerem que o envelhecimento não é um processo irreversível. Pelo contrário, alguns tecidos e órgãos podem ser reprogramados de forma a retardar — e até reverter — os efeitos do tempo.