Buracos negros: entenda como colisão pode comprovar teorias feitas há mais de décadas (Universidade Nacional Australiana/SXS/EFE)
Redatora
Publicado em 14 de outubro de 2025 às 16h10.
Astrônomos detectaram a colisão de dois buracos negros e conseguiram os detalhes mais claros desses fenômenos até agora. O evento pode confirmar previsões realizadas há muitos anos pelos físicos Albert Einstein e Stephen Hawking.
O evento aconteceu em janeiro desse ano e ficou conhecido pelos cientistas como GW250114. A detecção foi feita a com o Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO), dois instrumentos idênticos localizados nos EUA, nos estados da Louisiana e de Washington.
Esse observatório identificou a presença de ondas gravitacionais leves, isto é, pequenas ondulações no espaço-tempo causadas pela colisão de dois buracos negros.
As ondas gravitacionais são fenômenos que foram previstos pela primeira vez em 1915 pela teoria da relatividade de Einstein como a única forma de identificar essas colisões, mas ele acreditava que nenhuma tecnologia humana seria capaz de detectar esse tipo de onda.
O sinal encontrado esse ano foi muito mais intenso do que o primeiro identificado pelo LIGO em 2015, que rendeu um prêmio Nobel aos três cientistas que o perceberam.
Uma das previsões comprovadas este ano, concebida pelo matemático neozelandês Roy Kerr em 1963, baseia-se na teoria da relatividade geral de Einstein, e afirma que os buracos negros devem ser objetos paradoxalmente simples, descritos por uma única equação.
Segundo a revista Physical Review Letters, os buracos negros detectados esse ano estavam a cerca de 1 bilhão de anos-luz de distância e estavam orbitando um ao redor do outro em um círculo quase perfeito. O buraco negro resultante tinha cerca de 63 vezes a massa do sol, e estava girando a 100 rotações por segundo.
A segunda previsão confirmada pelo GW250114 foi feita em 1971 pelo físico britânico Stephen Hawking, que afirma que quando dois buracos negros se fundem, a área de superfície resultante deve ser igual ou maior do que a dos buracos negros originais. Esse teorema também usa os fundamentos da relatividade de Einstein como base.
Kip Thorne, um dos três recipientes do Prêmio Nobel por contribuições ao LIGO, disse que Hawking o ligou assim que soube da detecção de ondas gravitacionais de 2015 para perguntar se o LIGO seria capaz de testar seu teorema.
Dessa vez, com a evolução da tecnologia do LIGO, foi possível confirmar com clareza de detalhes a teoria da Hawking. Por meio da captação dos sinais das ondas gravitacionais, o aparelho comprovou que a área dos buracos negros fundidos aumentou.
O LIGO funciona como um grande aparelho auditivo e seus cientistas trabalham para melhorar cada vez mais a qualidade de captação e amplificação do ‘áudio’, que são as ondas gravitacionais.
Os físicos envolvidos na identificação do fenômeno afirmam que o GW250114 demonstra o sucesso das melhorias contínuas do LIGO e mostra que as detecções de ondas gravitacionais podem testar a física fundamental de maneiras nunca antes possíveis.