Redação Exame
Publicado em 14 de maio de 2025 às 09h08.
Jonathan, uma tartaruga-gigante Aldabra, foi reconhecida pelo Guinness World Records em 2019 como o animal terrestre mais velho do mundo.
Aos 192 anos, ele continua vivendo na ilha de Santa Helena, um território britânico localizado no Atlântico Sul. Sua residência oficial é uma mansão georgiana, onde passa seus dias entre os cuidados de veterinários e os visitantes que fazem questão de conhecê-lo.
Jonathan foi levado à ilha em 1882, aos cerca de 50 anos, como um presente para o governador da época, Sir William Gray-Wilson.
Desde então, ele viveu e sobreviveu a inúmeros eventos históricos, incluindo as duas Guerras Mundiais, a Guerra Fria, a queda da União Soviética e os avanços tecnológicos do século XXI.
A espécie de Jonathan, que originalmente vem das Seychelles, é rara e já foi considerada extinta. Hoje, estima-se que existam cerca de 80 tartarugas dessa linhagem no mundo.
Embora a longevidade de Jonathan seja notável, sua saúde não é mais a mesma. Com o passar dos anos, ele desenvolveu cegueira e perdeu o olfato, dificultando a alimentação.
Animal mais velho do mundo: a espécie de Jonathan é originária das Seychelles e bastante rara (Saint Helena’s Info/British Veterinary Association/Divulgação)
Para melhorar sua saúde, foi estabelecida uma dieta rica em vitaminas e calorias, composta por frutas como maçãs, bananas, goiabas, cenouras e pepinos, de acordo com o veterinário responsável pelo cuidado do animal, Joe Hollins.
O trabalho de Hollins com Jonathan começou em 2009, quando o encontrou em condições físicas precárias. Desde então, ele tem cuidado de Jonathan, alimentando-o manualmente para garantir que ele receba a quantidade necessária de calorias. A dieta personalizada tem mostrado bons resultados, e Jonathan parece estar se recuperando bem.
Apesar dos desafios relacionados à idade avançada, Jonathan ainda é um exemplo de vitalidade. Sua excelente audição lhe permite navegar pela ilha com facilidade, e ele é bastante popular entre os turistas que visitam Santa Helena. Jonathan já foi até tema de publicações internacionais e até apareceu em selos e moedas comemorativas da ilha.
A expectativa de vida das tartarugas de Seychelles é de cerca de 150 anos, mas Jonathan já ultrapassou essa marca com mais de 40 anos a mais. Para se ter uma ideia, ele viveu mais do que Jeanne Calment, a pessoa mais velha registrada no mundo, que viveu até os 122 anos.
Além de ser um ícone de longevidade, Jonathan também conquistou um lugar especial no coração das pessoas. Sua popularidade é tamanha que ele até inspirou uma história de amor: um casal americano se conheceu devido à admiração pela tartaruga, e o homem fez o pedido de casamento na ilha, diante do famoso animal.
A longevidade de algumas espécies do reino animal é resultado de uma combinação de fatores biológicos, ambientais e evolutivos. Adaptados para sobreviver em condições extremas e com mecanismos internos eficientes, esses animais desafiam o envelhecimento e vivem por séculos.
Fatores biológicos desempenham um papel fundamental na longevidade. Espécies como o tubarão-da-Groenlândia e a baleia-da-Groenlândia, por exemplo, possuem um metabolismo extremamente lento, o que retarda os processos de envelhecimento celular.
A baixa taxa metabólica reduz o desgaste dos tecidos e prolonga a vida. Além disso, algumas dessas criaturas desenvolveram mecanismos eficientes de reparo de DNA, como observado no tubarão-da-Groenlândia, o que protege suas células de danos ao longo do tempo.
Outro fator importante é o tamanho corporal: animais maiores, como as baleias, tendem a viver mais tempo, pois sua grande massa corporal proporciona maior resistência física e proteção contra predadores e doenças.
Além das características biológicas, adaptações ambientais são essenciais para a longevidade. Muitos animais que vivem mais tempo, como o tubarão-da-Groenlândia, prosperam em ambientes extremos e desafiadores, como as águas frias e profundas do Ártico.
Nessas condições, as baixas temperaturas desaceleram os processos metabólicos, contribuindo para um envelhecimento mais lento. A capacidade de armazenar energia também é um fator determinante. Baleias e tartarugas, por exemplo, acumulam reservas em camadas de gordura ou em seus corpos, permitindo que sobrevivam por longos períodos sem alimento, o que reduz o estresse metabólico.
Fatores evolutivos também influenciam a capacidade de viver por longos períodos. A ausência de predadores naturais é um exemplo importante: espécies como a tuatara vivem em habitats isolados com poucos predadores, o que lhes proporciona vidas mais estáveis e seguras.
Além disso, essas espécies tendem a apresentar estratégias reprodutivas únicas. Animais que atingem a maturidade sexual mais tarde, como os tubarões e as tartarugas, geralmente possuem um envelhecimento mais lento, uma adaptação que favorece a sobrevivência em ambientes onde o ritmo de vida é mais pausado.