Ciência

Como grupo de aventureiros subiu ao Everest em menos de uma semana com ajuda de gás

Ex-membros das forças armadas britânicas usaram xenônio, gás normalmente usado na fabricação de lâmpadas, mas desta vez, foi aplicado como anestésico

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 21 de maio de 2025 às 17h48.

Última atualização em 21 de maio de 2025 às 17h50.

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Nesta quarta-feira, 21, um grupo formado por ex-membros das forças especiais britânicas concluiu a escalada do monte Everest. Eles conseguiram atingir o cume de 8,85 mil metros em apenas uma semana, graças ao uso de xenônio — um gás também empregado em lâmpadas.

O xenônio, além de ser utilizado na fabricação de lâmpadas, é aplicado como anestésico. De acordo com especialistas, ele estimula a produção de eritropoietina (EPO) no corpo, um hormônio que promove a geração de glóbulos vermelhos — responsáveis pelo transporte de oxigênio no sangue —, o que potencializa o desempenho físico.

Essa propriedade do xenônio auxilia o corpo a lidar melhor com as condições de grandes altitudes. Normalmente, os alpinistas se aclimatam ao Everest passando cerca de dois meses nas encostas do Himalaia antes da subida.

Os quatro escaladores, entre eles o secretário de Estado para os Ex-Combatentes, Alistair Carns, realizaram sua preparação respirando gás xenônio durante duas semanas em Londres, para se adaptar à escassez de oxigênio encontrada em grandes altitudes.

Vale lembrar que o uso de EPO é proibido em várias modalidades esportivas, sendo classificado como doping.

"O xenônio parece desenvolver mecanismos que protegem contra o mal de altitude causado pela falta de oxigênio", disse o doutor Michael Fries, membro da expedição. "Ao inalá-lo, se reproduzem os efeitos da grande altitude".

Além da controvérsia, o método tem um custo elevado: a ascensão ao cume utilizando esse gás custa cerca de US$ 170 mil (aproximadamente R$ 964 mil) por pessoa, valor que frequentemente supera o preço médio de expedições convencionais e mais demoradas.

O grupo tinha o objetivo de completar a escalada em sete dias: partiram de Londres na sexta-feira (16) e chegaram ao topo na manhã desta quarta-feira, 21. Agora, planejam descer até o acampamento base, onde passarão a noite, e devem retornar para casa até o dia 23.

A iniciativa também visa arrecadar recursos para órfãos de conflitos.

A ascensão mais rápida registrada até hoje no Everest foi realizada em 2003 pelo montanhista nepalês Lhakpa Gelu Sherpa, que fez o percurso do acampamento base ao cume em 10 horas e 56 minutos.

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