Ciência

Como o intestino influencia o cérebro — e o que isso diz sobre o futuro da alimentação

Estudos mostram que o intestino e o cérebro se comunicam por meio de sinais químicos e neurais, influenciando o humor, comportamento e alimentação

 (d3sign/Getty Images)

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Publicado em 10 de outubro de 2025 às 09h28.

O intestino possui mais de meio bilhão de neurônios e, por isso, é conhecido como o segundo cérebro do corpo. A conexão entre os dois órgãos é alvo de diversos estudos na medicina e recebeu um nome: eixo intestino-cérebro.

Essa ligação funciona como uma via de mão dupla. Enquanto o intestino envia sinais químicos e hormonais por meio de ações neuroimunes e neuroendocrinológicas, o cérebro devolve comandos que influenciam o comportamento e as funções do organismo.

Entenda o conectoma cerebral, o conectoma intestinal e o microbioma

Reflexos de sensações como ansiedade e nervosismo podem ser sentidos no intestino — causando as conhecidas dores abdominais ou “borboletas no estômago”. Isso ocorre pelas ligações entre os órgãos, denominadas conectoma cerebral, conectoma intestinal e microbioma intestinal.

O microbioma intestinal é o conjunto de micro-organismos — como bactérias, vírus e fungos — responsável por funções ligadas ao sistema imunológico, além de influenciar aspectos físicos e comportamentais. Seu papel é tão relevante que ele é considerado um órgão próprio. Alterações nesse equilíbrio podem representar riscos à saúde.

Já o conectoma cerebral corresponde ao conjunto de conexões do cérebro, um mapa neural que funciona como uma rede de “fiação”. O conectoma intestinal, por sua vez, realiza o mapeamento das conexões nervosas do trato gastrointestinal. Essa interação entre cérebro e intestino tem influência direta em doenças autoimunes, síndromes metabólicas e na saúde mental.

Com o avanço do entendimento sobre o microbioma e seu papel no funcionamento do corpo, empresas de saúde já oferecem exames que analisam as bactérias intestinais. A investigação identifica casos de disbiose — o desequilíbrio da microbiota — e pode auxiliar no diagnóstico precoce de doenças. O teste custa a partir de R$ 1.129.

A importância do eixo intestino-cérebro na alimentação

Segundo pesquisadores da Harvard Medical School, cerca de 90% da serotonina do corpo é produzida no intestino — um dos motivos pelos quais alterações na microbiota podem estar associadas a quadros de depressão e ansiedade.

No contexto do eixo intestino-cérebro, a boa alimentação tem papel fundamental na manutenção da qualidade de vida. Alimentos naturais fornecem vitaminas, minerais, gorduras saudáveis e fibras, substâncias que ajudam a regular a química cerebral e prevenir transtornos psicológicos.

Cuidar da alimentação também contribui para o equilíbrio do microbioma intestinal, prevenindo doenças como obesidade, diabetes tipo 2 e até alguns tipos de câncer.

Com o avanço dos estudos sobre o eixo intestino-cérebro, cresce o interesse por dietas personalizadas baseadas em testes de microbioma. O futuro da alimentação caminha para a individualização: cuidar do que se come será, cada vez mais, uma forma de cuidar da saúde física e mental.

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