Ciência

Do whey ao colágeno: como as proteínas estão dominando o mercado de bem-estar

Consumo de proteínas salta 25% no Brasil e impulsiona um setor que deve movimentar US$ 32 bilhões até 2029

Whey protein: destaque como aliado da musculação e do ganho de massa (10'000 Hours/Getty Images)

Whey protein: destaque como aliado da musculação e do ganho de massa (10'000 Hours/Getty Images)

Publicado em 12 de outubro de 2025 às 11h18.

A onda do bem-estar vem impulsionando uma série de tendências voltadas à saúde, como o estímulo à prática regular de atividades físicas, a melhora da alimentação e o uso de suplementos, como a creatina. Dentro desse movimento, o consumo de proteínas permanece no topo, se reinventando a cada fase e mantendo o protagonismo no universo wellness.

De acordo com dados da Mordor Intelligence, o mercado global de proteínas registrou uma receita de US$ 24,49 bilhões em 2024, com projeção de crescimento para US$ 32,42 bilhões até 2029. O nutriente é essencial para o organismo: contribui para a formação de músculos, fornece energia, auxilia na reparação de tecidos, regula a saciedade e participa do transporte de oxigênio e nutrientes. São benefícios que conquistam quem busca longevidade e qualidade de vida.

A pandemia de Covid-19, em 2020, impulsionou a produção de conteúdos sobre autocuidado e rotina saudável. Nesse contexto, o whey protein ganhou destaque como aliado da musculação e do ganho de massa. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD), o consumo da proteína cresceu 25% entre os brasileiros entre 2021 e 2023.

Mais proteínas no prato

O interesse em aumentar a ingestão de proteínas ultrapassou o universo das academias. Adicionar mais carne às refeições, incluir ovos nos lanches e optar por bebidas à base de leite — animal ou vegetal — são práticas cada vez mais comuns entre quem busca aprimorar o bem-estar e alcançar metas de saúde específicas.

Com a popularização do tema, muitos consumidores passaram a adotar dietas personalizadas por inteligência artificial ou inspiradas em influenciadores fitness. Porém, nem todos precisam de reposição proteica. Um estudo publicado na Revista de Saúde Pública alerta que a dieta brasileira, em geral, já contém níveis adequados do nutriente (inclusive entre as faixas de menor renda).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão diária de proteína conforme o perfil de cada pessoa:

  • 0,8 g por kg de peso corporal para indivíduos sedentários;
  • 1,4 a 2,0 g por kg para praticantes de atividades físicas moderadas ou intensas;
  • 1,0 a 1,2 g por kg para idosos;
  • 1,0 a 1,6 g por kg para quem está em processo de emagrecimento

Embora o whey protein siga como preferência entre quem busca hipertrofia, emagrecimento ou desempenho esportivo, outras formas de proteína vêm ganhando espaço: as voltadas para cuidados estéticos.

Proteínas que cuidam da pele e do cabelo

Entre os produtos de maior apelo está o colágeno, proteína que garante firmeza e elasticidade à pele e às articulações. O mercado global movimentou US$ 9,9 bilhões em 2024, com projeção de atingir US$ 18,7 bilhões até 2030, segundo a Grand View Research. A ABIAD indica ainda que o consumo de colágeno aumentou 167% entre 2015 e 2020.

Naturalmente produzido pelo organismo, o colágeno começa a diminuir a partir dos 30 anos — cerca de 1% a menos por ano. A indústria aproveitou essa queda natural para lançar cápsulas, suplementos, vitaminas e cremes com o composto, todos prometendo retardar os sinais do envelhecimento.

Outra proteína que vem conquistando espaço é a queratina, fundamental para a estrutura dos fios de cabelo. Embora também seja produzida pelo corpo, tornou-se comum o uso de cremes e máscaras capilares que prometem repor massa, fortalecer e nutrir os fios.

Pesquisas indicam que tanto o colágeno quanto a queratina apresentam baixo risco de efeitos colaterais, mas o consumo excessivo pode causar reações alérgicas. Por isso, especialistas reforçam a importância da moderação e do acompanhamento médico antes de iniciar qualquer suplementação.

Mais do que uma tendência de mercado, o interesse pelas proteínas revela uma preocupação crescente com o próprio corpo — não pela estética, mas pela vitalidade. Em um cenário em que o envelhecimento saudável ganha cada vez mais espaço, entender o papel desses nutrientes pode ser o primeiro passo para viver mais e melhor.

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