Ciência

Estudo sugere que pombos percebem o campo magnético da Terra pelos ouvidos

Pesquisa realizada pela Universidade Ludwig Maximilian de Munique mostra que órgão é responsável por manter o equilíbrio e perceber movimentos

Ouvido interno dos pombos é responsável por por manter o equilíbrio e perceber movimentos (REUTERS/Jason Lee/Reuters)

Ouvido interno dos pombos é responsável por por manter o equilíbrio e perceber movimentos (REUTERS/Jason Lee/Reuters)

Publicado em 26 de novembro de 2025 às 12h01.

Um estudo realizado pela Universidade Ludwig Maximilian de Munique aponta que o ouvido interno dos pombos ajuda os animais a manter o equilíbrio e perceber os movimentos ao seu redor.

Resultados indicam que as aves conseguem traduzir as variações do campo magnético em impulsos elétricos por meio de células presentes nos canais presentes do órgão. 

A percepção do campo magnético é responsável por guiar as aves migratórias, tartarugas marinhas, baleias, tubarões, cães e vacas. Chamada de magnetorrecepção, ela é utilizada como uma bússola por animais para migrar por longas distâncias, retornar para o ninho e caçar. 

O estudo foi inspirado pela teoria de Camille Viguier, em 1882, que apontava que as aves percebiam o campo magnético graças a correntes elétricas que eram induzidas no fluido do ouvido interno. Com a descoberta recente de que tubarões e arraias detectam campos elétricos por canais iônicos sensíveis à voltagem, neurocientista David Keays resolveu aprofundar o tema.

Para validar a teoria de Viguier, a equipe liderada por Keays focou nos canais semicirculares. Eles submeteram 13 aves a testes em um ambiente isento de magnetismo com campos magnéticos artificiais controlados. Depois da exposição dos animais, o grupo analisou o cérebro dos animais com anticorpos que identificavam os neurônios ativados recentemente. 

Desta forma, eles puderam mapear as áreas que haviam respondido aos estímulos magnéticos. Os neurônios ligados ao sistema vestibular, posicionado no ouvido interno dos pombos, foram ativados mesmo quando as aves estavam no escuro. A ausência de luz nos testes foi usada para descartar que a ativação fosse resultado dos criptocromos — proteínas sensíveis à luz presentes na retina.

Ao analisar a sequência, a equipe notou que as células que traduzem as variações magnéticas estão concentradas em anais iônicos sensíveis à voltagem — fundamentais para detectar pequenas variações elétricas.

Validação de Viguier

A descoberta na Universidade de Muniche confirmou a hipótese de Viguier de que as mudanças no campo magnéticos geram pequenas correntes elétricas que transformam o ouvido interno em uma bússola biológica devido ao impacto que elas causam no fluido. 

Até então, as teorias mais aceitas para interpretar como os animais se movimentavam utilizando informações magnéticas estavam atreladas aos criptocromos e cristais microscópicos de magnetita no corpo dos animais. No entanto, nenhuma delas parecia se aplicar aos pombos até a divulgação do estudo realizado por Keays.

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