Relógio biológico: idade no documento é diferente da idade do corpo (Reprodução/Thinkstock)
Redatora
Publicado em 24 de outubro de 2025 às 18h28.
Cientistas da Austrália, China e Bangladesh desenvolveram um modelo de inteligência artificial capaz de estimar a idade biológica humana com precisão, a partir de dados do sangue.
O método, descrito em um estudo publicado na revista Engineering, combina informações genéticas e moleculares para criar um 'relógio biológico' que revela como o corpo realmente envelhece, independentemente da idade no documento.
A idade cronológica é o número de aniversários que alguém já completou. Já a idade biológica mostra o estado real do organismo. Ela pode ser influenciada por fatores como alimentação, estresse, sono, doenças e até exposição à poluição.
Por isso, duas pessoas com 50 anos podem estar em condições muito diferentes: uma com metabolismo jovem e boa saúde cardiovascular, e outra com sinais de envelhecimento precoce. O desafio da ciência tem sido medir essa diferença de forma confiável.
Para resolver isso, os pesquisadores criaram o gtAge, um novo tipo de relógio biológico que une duas camadas de informação do sangue:
Esses dados foram integrados por um sistema de aprendizado chamado Deep Reinforcment Learning, um tipo de IA que aprende por tentativa e erro até identificar as combinações mais precisas.
O resultado foi um modelo capaz de explicar mais de 85% da variação na idade real das pessoas, um índice de acerto superior ao dos métodos existentes.
O gtAge pode se tornar uma ferramenta para acompanhar o envelhecimento e avaliar os efeitos de mudanças de estilo de vida, medicamentos ou terapias antienvelhecimento em tempo real.
Combinando genética e imunologia, o modelo também ajuda a compreender como e o sistema imune influencia a passagem do tempo biológico.
Apesar dos resultados promissores, os autores afirmam que o estudo ainda é preliminar, realizado com cerca de 300 voluntários de meia-idade. O próximo desafio é validar o modelo em populações maiores e mais diversas.