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Megaterremoto nos EUA pode afundar a terra e gerar tsunamis, dizem cientistas; entenda

Costa Oeste dos EUA se prepara para um megaterremoto iminente que pode causar afundamento do solo, tsunamis devastadores e inundações pioradas por conta das mudanças climáticas

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 8 de julho de 2025 às 10h48.

A Costa Oeste dos Estados Unidos está sob risco de um megaterremoto devastador, com possibilidade de afundamento do solo em até 2 metros e um tsunami subsequente. O tremor, que pode alcançar uma magnitude de 8.0, ocorrerá na Zona de Subducção de Cascadia, uma falha tectônica que se estende por cerca de 1.100 quilômetros, desde o norte da Califórnia até a Colúmbia Britânica, no Canadá, segundo órgãos geológicos oficiais dos EUA e estudos recentes publicados em revistas científicas. Essa falha é formada pela subducção da Placa Juan de Fuca sob a Placa Norte-Americana, um processo que pode gerar abalos sísmicos de grande magnitude.

O risco é crescente. Segundo os cientistas, o megaterremoto já está "atrasado". A média histórica para grandes tremores na região é de 500 a 600 anos, com intervalos que variam entre 150 a mais de mil anos. A última grande catástrofe ocorrida na região foi registrada em 1700, e muitos especialistas acreditam que o sistema tectônico da Cascadia está no ponto de gerar um novo e catastrófico evento sísmico.

O próximo megaterremoto pode ocorrer a qualquer momento ou só em 2100, segundo estudo publicado na National Academy of Sciences. Mas uma coisa é certa: os sinais de um evento de grande magnitude estão se acumulando, e a situação exige preparação.

O risco de um megaterremoto iminente

A pesquisadora Tina Dura, que liderou o estudo, alertou que o próximo grande terremoto pode ser comparável ao abalo sísmico ocorrido no Japão em 2011 ou ao terremoto de Sumatra em 2004. "É o mesmo tipo de falha, com a mesma capacidade de provocar terremoto, tsunami e afundamento costeiro", explicou Dura em entrevista ao The Washington Post.

A Zona de Subducção de Cascadia é uma das falhas tectônicas mais estudadas do mundo, e uma das mais perigosas. O estudo revela que, embora a última grande ruptura tenha ocorrido há 325 anos, a falha não demonstrou sinais evidentes de relaxamento e está “atrasada” para um novo terremoto.

O que preocupa os cientistas é o potencial da falha para liberar uma enorme quantidade de energia acumulada. A magnitude estimada do próximo megaterremoto está entre 8,0 e 9,0, o que faria com que a terra afundasse de forma instantânea, alterando a geografia da costa oeste dos Estados Unidos.

Impacto devastador no litoral e mudança no relevo

O estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences aponta que, após o terremoto, o afundamento do solo pode chegar a 2 metros em alguns locais da costa. Esse fenômeno de subsidência teria um impacto permanente nas áreas costeiras, transformando locais que antes eram áreas secas em pântanos e regiões de maré, aumentando significativamente as planícies de inundação.

A pesquisa ainda sugere que, caso o terremoto ocorra, a terra nas áreas afetadas se afundaria entre 0,5 e 2 metros em questão de minutos, imediatamente após a liberação de energia da falha tectônica.

Esse afundamento drástico elevaria o nível relativo do mar, ampliando as planícies aluviais em 300 quilômetros quadrados. Isso incluiria áreas costeiras densamente habitadas, o que significa um aumento no risco de inundação para mais de 14.300 moradores e 22.500 estruturas, além de afetar mais de 1.200 quilômetros de infraestrutura crítica. A mudança no relevo também geraria novos riscos para a agricultura, ecossistemas locais e áreas residenciais, forçando a evacuação em larga escala e a reconstrução de vastas áreas urbanas.

O impacto das mudanças climáticas

Além da ameaça do terremoto e do afundamento, o estudo também destaca o agravamento dos efeitos por conta das mudanças climáticas. O aumento do nível do mar causado pelo aquecimento global tornará as áreas costeiras ainda mais vulneráveis. Pesquisadores da Universidade de Oregon e da Virginia Tech sugerem que, até 2100, o nível do mar pode aumentar 1,2 metro, o que exacerbaria ainda mais o risco de enchentes e alagamentos nas regiões afetadas pela subsidência do solo.

Os cientistas afirmam que a combinação do terremoto com a elevação do nível do mar resultaria em uma catástrofe de proporções inéditas para a região. Além disso, as áreas de risco de inundação poderiam se expandir para dentro do território, aumentando ainda mais o impacto nas comunidades do interior. De acordo com os pesquisadores, a região do Pacífico Noroeste seria uma das mais afetadas, especialmente nos estados de Washington, Oregon e Califórnia.

Quais seriam as áreas mais afetadas?

As áreas mais afetadas pela subsidência do solo seriam o sul de Washington e o norte de Oregon e Califórnia, regiões que já enfrentaram efeitos menores em terremotos anteriores. O estudo aponta que, durante o último terremoto registrado, em 1700, as áreas costeiras afundaram entre 45 centímetros e 1,9 metro, mas o próximo evento pode causar um afundamento ainda mais dramático. Além disso, o risco de tsunamis com ondas superiores a 12 metros de altura se tornaria uma ameaça real e imediata para as cidades costeiras.

O terremoto causaria um movimento instantâneo do fundo do mar, resultando na geração de ondas de tsunami que poderiam atingir a costa em questão de minutos. As ondas poderiam invadir até 18 milhas (cerca de 29 quilômetros) terra adentro, submergindo áreas inteiras e provocando destruição massiva. As populações de áreas próximas ao litoral precisariam ser evacuadas com urgência, e os sistemas de alerta de tsunami precisariam ser aprimorados para minimizar o número de vítimas.

Como se preparar para o megaterremoto?

O estudo reforça a urgência em preparar as comunidades costeiras para esse possível desastre. A ameaça do megaterremoto na Zona de Subducção de Cascadia exige não apenas uma análise científica contínua, mas também um plano de adaptação e prevenção para lidar com os efeitos devastadores, como o afundamento do solo, o risco de tsunami e o aumento das inundações devido ao aumento do nível do mar.

Cientistas e autoridades locais alertam para a necessidade de melhorias nos sistemas de evacuação, construção de infraestruturas mais resilientes e investimentos em pesquisas que possam reduzir o impacto do megaterremoto na vida dos residentes da região.

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