Repórter
Publicado em 11 de agosto de 2025 às 15h19.
Última atualização em 11 de agosto de 2025 às 16h16.
Em junho deste ano, uma pequena bola de fogo, de tamanho equivalente ao de um tomate-cereja, atravessou o céu da Geórgia, nos Estados Unidos, e atingiu uma casa em McDonough, uma cidade próxima a Atlanta. Recentemente, análises confirmaram que o objeto se trata de um meteorito com impressionantes 4,56 bilhões de anos, ou seja, 20 milhões de anos mais antigo que o próprio planeta Terra.
Scott Harris, geólogo planetário da Universidade da Geórgia, estudou 23 gramas da rocha espacial, que foram entregues por um morador da cidade de McDonough, no condado de Henry. Por meio de técnicas microscópicas, Harris e sua equipe identificaram que o meteorito pertence a um grupo originário do cinturão principal de asteroides, localizado entre os planetas Marte e Júpiter.
A rocha também foi relacionada à fragmentação de um asteroide maior, que ocorreu há cerca de 470 milhões de anos.
“Esse meteoro que entrou na atmosfera tem uma longa história antes de chegar ao solo de McDonough”, afirmou Harris em um comunicado. Ele também mencionou que o morador ainda encontra pequenas partículas de poeira espacial em sua sala de estar, resultado do impacto do meteorito.
O estudo do meteorito está sendo submetido a uma avaliação do comitê de nomenclatura da Sociedade Meteorológica dos Estados Unidos, responsável pela nomeação oficial de meteoritos. A equipe propôs que o fragmento fosse chamado de “Meteorito McDonough”.
Antes de cair na sala de estar, os pesquisadores identificaram o meteoro — termo técnico para bola de fogo ou meteoro brilhante — entrando na atmosfera com uma velocidade cósmica, muito superior à velocidade do som. À medida que se aproximava da Terra, a velocidade e o tamanho do meteorito foram diminuindo.
“Quando eles atingem a Terra, nossa atmosfera é muito eficaz em desacelerá-los”, explicou Harris. “Mas estamos falando de um objeto que tem o dobro do tamanho de um projétil de calibre 50, viajando a pelo menos 1 quilômetro por segundo. É como correr por dez campos de futebol em 1 segundo.”
Embora o morador, que preferiu manter o anonimato, ainda encontre poeira espacial em sua sala, os pesquisadores conseguiram recuperar 23 gramas dos cerca de 50 gramas do impacto. Através das análises microscópicas, descobriram que se trata de um condrito comum de baixo metal (L), um tipo de meteorito primitivo formado há 4,56 bilhões de anos na presença de oxigênio.
O meteorito atravessou o telhado da casa e chegou à sala de estar, deixando um buraco (Universidade da Georgia/Divulgação)
Este meteorito é o 27º registrado no estado da Geórgia, fundado em 1788, e apenas o sexto cuja queda foi observada diretamente por moradores. Harris destacou que, embora eventos como esse sejam raros no passado, a combinação de tecnologias modernas e maior atenção pública tem facilitado a recuperação de um número crescente de meteoritos.
Além de seu valor científico, o estudo dessas rochas espaciais é essencial para monitorar possíveis ameaças vindas do espaço. “Um dia, algo grande pode atingir a Terra e causar uma catástrofe”, alertou Harris. “Nosso objetivo é compreender esses objetos para que possamos nos proteger.”
Abaixo, um vídeo produzido pela Universidade da Geórgia mostra o pesquisador explicando mais sobre as descobertas relacionadas ao meteorito.