Ciência

Múmia de mil anos é achada por acaso em obra de gás no Peru

Múmia da cultura Chancay foi achada em Lima a 1,2 metro do asfalto; restos estavam sentados e cercados por cerâmicas pré-hispânicas

Restos da múmia de mil anos são analisados por arqueólogos em Lima; corpo estava em posição sentada (Ernesto BENAVIDES/AFP)

Restos da múmia de mil anos são analisados por arqueólogos em Lima; corpo estava em posição sentada (Ernesto BENAVIDES/AFP)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 21 de junho de 2025 às 16h41.

Uma descoberta arqueológica feita por acidente reacendeu o interesse pelo passado milenar sob o solo da capital peruana. Durante a escavação para instalar uma tubulação de gás, operários encontraram a múmia de um menino da cultura Chancay, com mais de mil anos. O caso ocorreu na segunda-feira, 16, no distrito de Puente Piedra, ao norte de Lima.

O achado começou com a identificação de um tronco de guarango, tradicionalmente usado como marcador de túmulos. A 50 centímetros da superfície, os trabalhadores suspeitaram que havia algo incomum. Após escavarem até 1,2 metro, surgiu o fardo funerário com os restos humanos.

“A princípio achamos que era uma menina, mas confirmamos que se trata de um menino de 10 a 15 anos”, afirmou Jesús Bahamonde, arqueólogo da empresa Cálidda, responsável pela obra e pela coordenação científica do resgate arqueológico.

Sentado, amarrado e cercado por cerâmicas

Segundo Bahamonde, o corpo estava em posição sentada, com braços e pernas flexionados, amarrado com cordinhas e acompanhado de cabaças. Ao lado da múmia, foram encontrados nove objetos de cerâmica: tigelas, pratos, garrafas e cântaros com figuras geométricas e representações de pescadores.

O enterro e os artefatos são característicos da cultura Chancay, que habitou os vales de Lima entre os séculos 11 e 15. A datação estimada é entre os anos 1000 e 1200.

A região onde a múmia foi localizada já foi um cemitério, segundo os pesquisadores. Ao longo dos séculos, o local foi coberto por camadas de terra, asfalto e construções urbanas.

Mais de 2.200 achados sob a capital peruana

Desde 2004, quando a Cálidda começou a operar em Lima, mais de 2.200 achados arqueológicos foram registrados de forma acidental durante obras de infraestrutura.

A legislação peruana exige que empresas de serviços públicos contratem arqueólogos em trabalhos de perfuração, já que a capital do país — com cerca de 10 milhões de habitantes — abriga mais de 500 sítios arqueológicos catalogados, incluindo diversas huacas e cemitérios antigos.

O novo achado reforça a ideia de que, sob a cidade moderna, permanece escondido um extenso legado das civilizações pré-hispânicas que habitaram a costa do Peru.

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