Ciência

Papiro com mais de 2 mil anos mostra como era a sonegação de impostos na Roma Antiga

Caso de falsificação de documentos mostra que a fraude fiscal já era uma arte na Antiguidade

 Fraude fiscal na Roma Antiga é revelada por papiro de 2.000 anos (Shai Halevi/ Autoridade de Antiguidades de Israel)

Fraude fiscal na Roma Antiga é revelada por papiro de 2.000 anos (Shai Halevi/ Autoridade de Antiguidades de Israel)

Raphaela Seixas
Raphaela Seixas

Estagiária de jornalismo

Publicado em 15 de abril de 2025 às 11h25.

A sonegação fiscal é tão antiga quanto a própria tributação.

Décadas atrás, foi descoberto um papiro de 2.000 anos, esquecido em um canto empoeirado dos arquivos da Autoridade de Antiguidades de Israel, revelou um caso de fraude fiscal tão elaborado que faria qualquer contador moderno suar frio.

Imagine só: dois indivíduos, Gadalias e Saulos, acusados de falsificar documentos sobre vendas e libertação de escravos para escapar dos impostos romanos.

O mistério do papiro de 2.000 anos

A descoberta ocorreu em Nahal Hever, uma região montanhosa próxima ao Mar Morto, onde os rebeldes de Bar Kochba se esconderam dos romanos, utilizando cavernas naturais nos penhascos de calcário.

Em 1960, arqueólogos encontraram documentos da mesma época em um desses refúgios, e desde então, outros achados similares foram feitos na área.

Por muitos anos, o papiro foi erroneamente identificado como escrito em nabateu, e permaneceu esquecido nos arquivos da Autoridade de Antiguidades de Israel até 2014.

Foi então que a professora Hannah Cotton Paltiel, especialista em clássicos da Universidade Hebraica de Jerusalém, percebeu que o texto estava, na verdade, em grego antigo.

Com 133 linhas densamente escritas e repletas de termos legais técnicos, a tradução apresentou desafios consideráveis. Para entender o conteúdo do papiro, uma equipe de especialistas foi convocada, a fim de realizar uma análise detalhada e confrontar os nomes e locais mencionados com outras fontes históricas.

O papyrus, que estava originalmente rotulado como "Nabateu" (quem nunca confundiu uma língua antiga, né?), foi redescoberto em 2014 por uma professora que literalmente disse: "Isso é grego para mim!" E não era apenas grego — era um verdadeiro roteiro de tribunal romano, com notas detalhadas dos promotores sobre como pegar os golpistas. É o tipo de documento que faz você imaginar os advogados romanos gritando "Objeção!" enquanto ajustam suas togas.

Punições e interpretações religiosas

E as punições? Sob a lei romana, esses crimes poderiam levar a trabalhos forçados ou até à execução. Mas o mais curioso é que a libertação dos escravos não parecia ser um esquema lucrativo. Alguns estudiosos sugerem que poderia estar ligado ao dever religioso judaico de resgatar escravos co-religiosos — ou quem sabe uma tentativa maluca de "humanitarismo lucrativo".

Como funcionava a cobrança de impostos

Na Roma Antiga, a cobrança de impostos era um sistema complexo e variado ao longo dos séculos.

Os impostos eram divididos em dois tipos principais: o tributum soli, que incidia sobre a terra, e o tributum capitis, uma capitação que refletia a sujeição política dos provinciais.

Os cidadãos romanos estiveram isentos de impostos por um longo período, especialmente após a Terceira Guerra Macedônica (172-168 a.C.), até que Augusto introduziu novas taxas.

Além disso, havia impostos indiretos, como o vectigal, que era uma contraprestação paga por concessionários de terras públicas ou arrendamentos públicos.

A cobrança de impostos era frequentemente terceirizada para publicani, que adiantavam dinheiro ao governo e depois cobravam dos provinciais, acrescentando juros e lucros. Esse sistema tornou os publicani impopulares devido aos abusos cometidos.

O Império Romano utilizava o censo para determinar a carga tributária. Augusto ordenou um cadastro detalhado das propriedades tributáveis, que levou trinta anos para ser concluído.

Além dos impostos sobre a terra e a população, havia impostos sobre a importação de mercadorias (portorium) e sobre o consumo (macellum). Em ocasiões especiais, como aniversários do imperador, era cobrado um donativo compulsório chamado aurum oblaticium.

Acompanhe tudo sobre:RomaImpostosSonegação fiscalgolpes financeiros

Mais de Ciência

Qual a fase da Lua de hoje, 15 de abril de 2025?

Qual a fase da Lua de hoje, 14 de abril de 2025?

Fases da Lua: veja as datas de cada etapa lunar em abril de 2025

'Auréola' na Lua? Entenda o fenômeno registrado por moradores no interior de São Paulo