Ciência

Pegadas de réptil mais antigo do mundo são encontradas na Austrália, com mais de 355 milhões de anos

Marcas fossilizadas indicam que os répteis surgiram 35 milhões de anos antes do registro fóssil conhecido, alterando a história da evolução dos vertebrados terrestres

Reconstrução gerada com inteligência artificial de réptil cujas pegadas fossilizadas (Imagem gerada por IA )

Reconstrução gerada com inteligência artificial de réptil cujas pegadas fossilizadas (Imagem gerada por IA )

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 16 de maio de 2025 às 13h33.

Pegadas fossilizadas descobertas no sudeste da Austrália, datadas em cerca de 355 milhões de anos, indicam a presença do réptil mais antigo já identificado.

A descoberta, divulgada na revista Nature, muda a compreensão sobre a origem e a evolução dos primeiros vertebrados terrestres, antecipando em 35 milhões de anos o surgimento dos répteis.

As marcas, preservadas em arenito próximo ao rio Broken, em Victoria, exibem características típicas de rastros de répteis, como formato dos pés, comprimento dos dedos e presença de garras. Os pesquisadores estimam que o animal que deixou as pegadas tinha porte semelhante ao de um lagarto moderno, com cerca de 60 a 80 centímetros de comprimento.

O estudo, liderado pelo paleontólogo Per Ahlberg, da Universidade de Uppsala (Suécia), revela que essas pegadas australianas são 35 milhões de anos mais antigas do que os fósseis de répteis mais antigos já encontrados, como o Hylonomus, datado de 320 milhões de anos e descoberto no Canadá.

A evolução dos vertebrados terrestres teve início com os primeiros tetrápodes, peixes que desenvolveram membros e deixaram a água. Esses animais anfíbios deram origem aos principais grupos de vertebrados atuais: anfíbios, répteis, mamíferos e aves. Os amniotas — vertebrados capazes de pôr ovos em terra — surgiram posteriormente, com divisão em répteis e mamíferos.

As pegadas australianas, de 3 a 4 centímetros, indicam a presença de três indivíduos da mesma espécie, com rastros limpos, sem arrasto de cauda. Isso aponta para um réptil ágil e predador, com dedos longos e finos.

"A distância entre o quadril e o ombro era cerca de 17 cm, e o comprimento total do réptil pode ter chegado a 80 cm, semelhante a um lagarto", explicou Ahlberg. Lagartos modernos são considerados o grupo vivo mais próximo da forma corporal ancestral dos répteis, justificando a comparação.

O animal viveu no Período Carbonífero, quando a Terra apresentava clima semelhante ao atual, com gelo nos polos e florestas tropicais no equador. Na época, a Austrália integrava o supercontinente Gondwana, localizada na borda sul dos trópicos.

"As pegadas foram feitas na margem de um rio antigo, habitado por peixes grandes, reforçando o cenário ecológico do período", acrescentou o paleontólogo.

Essa descoberta amplia o conhecimento sobre a evolução dos répteis e a história dos vertebrados terrestres, mostrando que o processo ocorreu mais rápido e em um período mais remoto do que se pensava até então.

Acompanhe tudo sobre:AnimaisPlaneta Terra

Mais de Ciência

Fim do mundo pode estar mais próximo do que o imaginado. E Stephen Hawking já sabia disso

Este macaco gigante dominou a Terra há milhões de anos — mas foi extinto por um motivo inesperado

Terra pode ser atingida por erupção solar em forma de 'asa de pássaro' amanhã, alertam astrônomos

Cientistas descobrem por que Lua tem dois lados diferentes — e resposta surpreende