Redação Exame
Publicado em 28 de outubro de 2025 às 09h33.
Os furacões e outras tempestades tropicais são fenômenos naturais que podem causar destruição em grande escala, afetando vidas, economias e ecossistemas.
Para facilitar o rastreamento e a comunicação durante esses eventos, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e outras agências meteorológicas em diferentes partes do mundo nomeiam as tempestades.
Historicamente, as tempestades receberam nomes predominantemente femininos, o que levanta uma série de questões sobre o impacto cultural e psicológico dessa prática.
O uso de nomes para as tempestades começou oficialmente em 1953, quando o Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos decidiu adotar apenas nomes femininos para os furacões, uma prática inspirada nas tradições navais, onde as tempestades às vezes eram nomeadas após esposas ou namoradas dos marinheiros.
Inicialmente, essa estratégia de personificação das tempestades tinha a intenção de facilitar a memória e a comunicação sobre o fenômeno, mas também refletia uma visão do papel das mulheres como figuras suaves e controláveis.
Em 1979, as listas de nomes passaram a alternar entre nomes masculinos e femininos, mas a predominância de nomes femininos ainda é visível até hoje. A mudança, à época, foi vista como uma tentativa de reduzir os estereótipos de gênero associados às tempestades, mas o impacto da escolha do nome continua a ser um tema de debate.
Um estudo realizado pela Universidade de Illinois revelou que as tempestades com nomes femininos são, frequentemente, vistas como menos perigosas do que as com nomes masculinos.
De acordo com a pesquisa de 2014, pessoas tendem a subestimar os riscos de furacões com nomes femininos, resultando em uma menor percepção de urgência para evacuação e, em alguns casos, em tragédias evitáveis.
O estudo sugeriu que esse fenômeno é alimentado por um viés implícito, onde os nomes femininos estão associados a qualidades de suavidade e docilidade, contrastando com a força bruta muitas vezes associada a nomes masculinos.
Os dados confirmam essa teoria.
Furacões como Katrina, que devastaram a região de Nova Orleans em 2005, causaram milhares de mortes e danos significativos, apesar de seu nome ser frequentemente visto como mais amigável ou menos ameaçador.
Um estudo realizado por pesquisadores de Princeton, também em 2014, mostrou que furacões com nomes femininos causaram mais mortes do que aqueles com nomes masculinos, uma vez que a percepção reduzida de risco levou a uma preparação inadequada por parte dos habitantes das regiões afetadas.