Redação Exame
Publicado em 13 de maio de 2025 às 07h02.
Até pouco tempo atrás, as previsões sobre o fim do universo eram calculadas com base em modelos que estimavam que ele continuaria em expansão por um período cósmico extremamente longo — cerca de 10¹¹⁰⁰ anos, ou seja, um número colossal de zeros.
No entanto, um estudo recente traz uma nova perspectiva, colocando a "morte" do universo em uma linha do tempo bem mais curta do que as estimativas anteriores.
O estudo, a ser publicado na Journal of Cosmology and Astroparticle Physics, sugere que a desintegração das últimas estrelas do universo pode acontecer em apenas 10⁷⁸ anos (um número seguido por 78 zeros). Essa revisão drástica se baseia em novas observações sobre a física de buracos negros, um tema central na obra do renomado físico teórico, Stephen Hawking.
Em 1975, Hawking revolucionou a astrofísica ao sugerir que, ao contrário da crença de Einstein de que nada poderia escapar de um buraco negro, partículas poderiam, de fato, "escapar" de sua atração gravitacional.
Ele descreveu um fenômeno chamado radiação de Hawking, no qual, perto do horizonte de eventos de um buraco negro, uma partícula da chamada "parelha de partículas" poderia ser engolida pelo buraco negro, enquanto a outra seria ejetada para o espaço.
Esse fenômeno causa uma lenta evaporação do buraco negro, que, ao longo de um período inimaginavelmente longo, eventualmente desapareceria.
Com base nesse conceito, cientistas agora calculam que, considerando a radiação de Hawking, estrelas anãs brancas, que são algumas das mais persistentes e estáveis, podem se desintegrar em apenas 10⁷⁸ anos. O impacto dessa descoberta foi profundo, pois coloca a "morte" do universo muito antes do que os cálculos anteriores indicavam.
“Felizmente, ainda estamos falando de um tempo muito distante”, afirmou Heino Falcke, líder do estudo e professor na Universidade Radboud, na Holanda.
Apesar de o estudo focar principalmente em estrelas como as anãs brancas, a radiação de Hawking também afeta outros corpos celestes, como estrelas de nêutrons e buracos negros. Surpreendentemente, buracos negros e estrelas de nêutrons, que têm campos gravitacionais muito mais fortes, evaporam aparentemente com a mesma velocidade — cerca de 10⁶⁷ anos.
Isso ocorre porque, ao contrário do que se poderia imaginar, buracos negros "reabsorvem" parte da radiação que emitem, desacelerando o processo de desintegração.
Entre os cálculos mais curiosos feitos pelos pesquisadores, está o tempo necessário para que o corpo humano se "evapore" devido à radiação de Hawking. A previsão? Cerca de 10⁹⁰ anos, desde que não ocorram outros fatores externos, como a destruição do planeta pela explosão do sol.
O tempo gigantesco coloca a humanidade em uma posição bastante peculiar no grande esquema do universo — nós, aparentemente, temos mais tempo para viver do que o próprio cosmos.
O estudo traz uma nova luz sobre o conceito de "morte" do universo, algo que pode ser revisado à medida que a ciência evolui, mas, por enquanto, essa descoberta, embora distante, nos faz refletir sobre a natureza do tempo, da vida e da própria existência.
O trabalho de Hawking, que abriu caminho para o entendimento da radiação de buracos negros, continua a influenciar gerações de cientistas, e agora, graças a novos cálculos, sua teoria pode redefinir o destino do próprio universo.