Stephen Hawking: físico é lembrado após alerta sobre vida alienígena (Dave J Hogan/Getty Images/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 2 de novembro de 2025 às 09h52.
Última atualização em 2 de novembro de 2025 às 11h55.
O aparecimento do cometa 3I/ATLAS em 2025 voltou a colocar em pauta uma das advertências mais inquietantes do físico britânico Stephen Hawking: o risco de contato com civilizações alienígenas. Embora a Nasa afirme que o objeto não oferece perigo para a Terra, seu comportamento incomum e origem fora do sistema solar reacenderam teorias sobre vida inteligente no cosmos.
Descoberto em julho de 2025, o 3I/ATLAS despertou atenção por apresentar uma trajetória instável e por permanecer oculto enquanto atravessa a região do Sol. A maior aproximação do cometa com a Terra será de cerca de 270 milhões de quilômetros, mas sua passagem silenciosa tem alimentado debates científicos e especulações públicas.
O físico Avi Loeb, da Universidade de Harvard, levantou a possibilidade de que o cometa 3I/ATLAS seja uma sonda interestelar enviada por uma civilização avançada. Segundo ele, a comunidade científica subestima a hipótese de tecnologia alienígena. “Falamos muito sobre inteligência artificial e mudanças climáticas, mas ignoramos a possibilidade de visitas extraterrestres. Isso também é uma ameaça existencial”, disse, segundo o jornal argentino La Nacion.
A discussão se conecta à visão de Hawking, que alertava contra tentativas de contato com alienígenas. Em 2010, durante a série Into the Universe, o físico comparou um eventual encontro com a chegada de Colombo à América. “Não terminou bem para os nativos”, afirmou.
Hawking defendia a ideia de que uma civilização com capacidade para cruzar o espaço já teria esgotado os recursos de seu próprio planeta e buscaria novos mundos para colonizar.
Esse pensamento está alinhado com a chamada “hipótese da floresta escura”, segundo a qual civilizações inteligentes optariam por permanecer em silêncio, temendo revelar sua posição a espécies mais agressivas. Por esse motivo, Hawking se opunha a transmissões ativas com dados sobre a Terra enviadas ao espaço.
Segundo a Nasa, o cometa 3I/ATLAS continuará visível até setembro de 2025, quando sua proximidade com o Sol impedirá a observação. Ele voltará a ser detectado em dezembro, ao emergir do outro lado da estrela. A agência espacial americana, em conjunto com instituições europeias, afirma que a investigação sobre sua origem e composição representa uma oportunidade única de estudar material interestelar.
No site da agência, especialistas reforçaram que o objeto permanecerá distante e não representa ameaça à Terra. “Ele atingirá o ponto mais próximo do Sol no fim de outubro, logo dentro da órbita de Marte”, informou a equipe da missão.
Em paralelo ao debate sobre vida extraterrestre impulsionado pelo cometa 3I/ATLAS, outra previsão de Stephen Hawking foi validada por um grupo internacional de pesquisadores. Um novo sinal gravitacional, detectado pelo consórcio LIGO-Virgo-KAGRA e batizado de GW250114, confirmou o teorema da área — formulado por Hawking em 1971 — segundo o qual a área do horizonte de eventos de um buraco negro nunca diminui após uma fusão.
O evento corresponde à colisão de dois buracos negros com cerca de 30 a 35 massas solares cada, situados a mais de um bilhão de anos-luz da Terra. O resultado foi a formação de um novo buraco negro com rotação de 100 voltas por segundo e área de horizonte de eventos maior do que a soma dos dois originais — exatamente como previu Hawking.
Segundo o teorema, o horizonte de eventos, região que marca o ponto sem retorno ao redor de um buraco negro, não pode encolher. A observação experimental dessa ideia aproxima a ciência de uma das maiores ambições da física: unificar a relatividade geral com a mecânica quântica.
Além da teoria de Stephen Hawking relacionada ao cometa 3I/ATLAS, os dados também reforçam as previsões do matemático Roy Kerr, que demonstrou que buracos negros podem ser descritos por apenas dois parâmetros: massa e rotação.
Desde a primeira detecção de ondas gravitacionais, em 2015, mais de 300 sinais foram identificados. Mas o GW250114 foi descrito pelos pesquisadores como o mais limpo e intenso de todos — “um sussurro que virou um grito”.