Ciência

Tubarão-guitarra, caracol venenoso: cientistas descobrem 866 novas espécies marinhas nas profundezas

As novas espécies foram catalogadas durante 10 expedições oceanográficas em profundidades de até 5 mil metros

Mistérios no oceano: veja fotos das espécies descobertas (The Nippon Foundation-Nekton Ocean Census / Peter Stahlschmidt © 2025/Divulgação)

Mistérios no oceano: veja fotos das espécies descobertas (The Nippon Foundation-Nekton Ocean Census / Peter Stahlschmidt © 2025/Divulgação)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 17 de março de 2025 às 14h39.

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O projeto Ocean Census, uma iniciativa global para a proteção da vida oceânica, revelou nesta semana a descoberta de 866 novas espécies marinhas. E elas são animais bastante... peculiares.

De tubarão de formato em formato de guitarra e coral semelhante a uma fã até um caracol venenoso, equipado com dentes semelhantes a arpões, as descobertas não são muito usuais para o que já era conhecido de animais marinhos — e comprovam que ainda há muita coisa a ser coberta no mar, especialmente nas profundezas.

As novas espécies foram catalogadas durante 10 expedições oceanográficas em diferentes profundidades — de 1 metro a quase 5 mil metros —, conduzidas por mergulhadores, submersíveis tripulados e veículos operados remotamente. O projeto contou com a participação de mais de 800 cientistas de 400 instituições ao redor do mundo.

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Nas profundezas do oceano

É difícil mensurar quanto do oceano já foi explorado pelos seres humanos. Há pesquisas que indicam que só mapeamos 20% do fundo do mar. Outros estudos sugerem que a porcentagem é menor, cerca de 10%.

As descobertas da Ocean Census são evidências do quanto é possível encontrar diversidade em águas desconhecidas. Entre as novas espécies catalogadas, destaca-se o tubarão de guitarra, um membro do gênero Rhinobatos, encontrado nas costas de Moçambique e Tanzânia. O formato do corpo, que exibe características tanto de tubarões quanto de arraias, foi um marco na pesquisa.

Outro destaque foi o caracol predatório Turridrupa magnifica, um gastrópode que possui dentes incomuns para injetar toxinas em suas presas. A descoberta é particularmente interessante porque substâncias bioativas presentes no veneno de espécies relacionadas já contribuíram para avanços médicos, incluindo tratamentos para dor.

Novas tecnologias aceleram descobertas

Novas tecnologias, como o sequenciamento genético de DNA ambiental e imagens em tempo real, têm facilitado e acelerado a identificação de novas espécies marinhas. Mas os cientistas ainda dependem da coleta de espécimes físicos para confirmar as descobertas, o que pode ser um processo demorado.

A Ocean Census, criada em 2023, tem a ambiciosa meta de identificar 100 mil novas espécies em 10 anos. O projeto também visa estudar a biodiversidade e a conectividade entre os diferentes ecossistemas marinhos.

O objetivo da aliança é acelerar o ritmo de descoberta e, assim, melhorar a compreensão sobre a biogeografia dos oceanos e os efeitos das mudanças climáticas nas espécies marinhas. As descobertas mais recentes são um reflexo de como a exploração das profundezas do oceano pode revelar um mundo desconhecido e essencial para a preservação da vida marinha.

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