Repórter
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 16h42.
Última atualização em 5 de agosto de 2025 às 17h06.
Nem todos os líderes empresariais se destacam por qualidades positivas. Alguns deles são famosos pelo temperamento difícil, alto nível de cobrança de seus funcionários e pela intransigência — muitas vezes levando seus colaboradores ao desespero.
Embora muitos profissionais tenham milhares de motivos para guardar ressentimentos de seus chefes, o comportamento pouco amigável pode estar relacionado à posição de poder e controle.
De acordo com um estudo conduzido pela Bond University, na Austrália, 21% dos CEOs de 261 empresas apresentaram características associadas à psicopatia, uma porcentagem semelhante à observada no contexto carcerário. O psicólogo forense Nathan Brooks, que coordenou a pesquisa, analisou os principais sinais que indicam a presença de psicopatia: falta de empatia, superficialidade e desonestidade.
Ao jornal britânico The Independent, Brooks afirmou que os resultados do estudo indicam que as empresas precisam adotar um critério mais abrangente na hora de selecionar seus colaboradores, levando em conta as características pessoais dos candidatos, e não apenas suas habilidades técnicas.
Ele afirma que um “psicopata bem-sucedido”, alguém com potencial para cometer ações antiéticas ou até ilícitas, já está presente nos níveis mais altos das empresas, devido à forma atual de contratação, que prioriza competências em detrimento da análise da personalidade.
“Nós olhamos mais de mil pessoas, e o estudo de gestão de logística, que envolveu 261 executivos, era o escopo mais interessante”, explicou Brooks.
O psicólogo Scott Lilienfeld, da Emory University, de Atlanta, complementa a pesquisa ao afirmar que os indivíduos com traços psicopáticos podem alcançar rapidamente posições de liderança devido a características como charme e exibição. No entanto, essa ascensão pode ser prejudicial a longo prazo.
“Ser um psicopata pode dar predisposição para alguém ter sucesso em curto prazo. Eles tendem a se comportar de uma forma charmosa e exibicionista, facilitando a ascensão rápida. Mas isso pode causar uma falha catastrófica depois de um tempo”, comentou Lilienfeld.
Para lidar com chefes tóxicos, o primeiro passo é identificar os comportamentos abusivos ou manipulativos e se preparar para enfrentá-los com clareza e assertividade.
Algumas estratégias essenciais incluem manter uma comunicação direta e objetiva, definir limites claros para proteger sua saúde mental, agir com profissionalismo em todas as situações e registrar todas as interações, caso seja necessário recorrer ao RH ou a instâncias legais no futuro.
Praticar a empatia também pode ser útil para tentar entender as razões por trás do comportamento do chefe, mas sem tolerar abusos. Criar uma rede de apoio com colegas, amigos ou profissionais também é um fator importante.
Sempre que possível, é válido negociar prazos e prioridades para evitar a sobrecarga de trabalho. Caso os abusos persistam, recorrer ao RH com o devido registro de evidências pode ser uma alternativa, embora o respaldo nem sempre seja garantido.
Outras recomendações incluem usar frases que neutralizem ataques e ajudem a manter o equilíbrio emocional, como pedir esclarecimentos sobre o que pode ser feito de forma mais eficiente ou questionar as prioridades para focar nas tarefas mais relevantes. Investir na saúde mental, buscar apoio psicológico e, quando necessário, considerar a busca por novas oportunidades caso o ambiente de trabalho se torne insustentável são medidas que podem fazer toda a diferença.