Redatora
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 06h22.
Pesquisas científicas indicam que metade do corpo humano não é composta por células humanas, mas por trilhões de microrganismos que vivem em simbiose com o organismo. O dado vem de um estudo publicado pela revista Cell, conduzido por pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciências, em Israel, e da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Os cientistas calcularam que um adulto médio abriga cerca de 30 trilhões de células humanas e 39 trilhões de microrganismos, incluindo bactérias, fungos e vírus. Essas comunidades microbianas vivem principalmente no intestino, na pele e nas mucosas, compondo o chamado microbioma humano, um ecossistema essencial para o funcionamento do corpo.
De acordo com o estudo publicado na Cell, o microbioma atua como um órgão funcional, auxiliando na digestão dos alimentos, na regulação do sistema imunológico e na produção de substâncias que afetam o humor e o metabolismo.
Cada pessoa abriga uma composição única de microrganismos, influenciada por fatores como alimentação, idade, uso de antibióticos e estilo de vida. Pesquisas da Universidade da Califórnia em San Diego mostram que um microbioma mais diverso está associado a uma saúde mais equilibrada, enquanto o desequilíbrio dessas comunidades pode estar relacionado a doenças como diabetes tipo 2, obesidade, depressão e Doença de Parkinson.
Além disso, o microbioma tem se mostrado determinante na resposta a tratamentos médicos. Estudos do National Institutes of Health (NIH) indicam que a composição microbiana pode interferir na eficácia de terapias contra o câncer e no funcionamento do sistema imunológico.
Por décadas, acreditava-se que o corpo humano continha dez vezes mais microrganismos do que células humanas, estimativa proposta pelo microbiologista Thomas Luckey em 1972. No entanto, com o avanço das técnicas de sequenciamento genético, cientistas revisaram esse número para uma proporção mais precisa de 1,3 microrganismo para cada célula humana, segundo o estudo de 2016 do Instituto Weizmann.
Essa nova estimativa não reduz a importância dos microrganismos. Pelo contrário, reforça a visão de que o corpo é um ecossistema complexo, em que células humanas e microrganismos coexistem e interagem de forma interdependente.