Estagiária de jornalismo
Publicado em 22 de setembro de 2025 às 12h16.
As canetas emagrecedoras devem ganhar um concorrente no mercado em breve. A semaglutida oral de 25 mg, desenvolvida pela Novo Nordisk sob o nome comercial Wegovy, mesmo da caneta emagrecedora, surge como uma inovação no combate à obesidade e uma alternativa para quem tem dificuldades em administrar medicamentos por meio de injeções.
Em formato de comprimido diário, o medicamento apresentou resultados positivos em um ensaio clínico de fase 3, chamado OASIS 4, publicado no The New England Journal of Medicine.
O estudo mostrou que pacientes tratados com a versão oral perderam, em média, 16,6% do peso corporal ao longo de 64 semanas, índice superior ao grupo placebo, que registrou apenas 2,7%.
A pesquisa acompanhou 307 adultos com obesidade ou sobrepeso, todos com ao menos uma comorbidade associada ao excesso de peso, mas sem diagnóstico de diabetes. O protocolo combinou a medicação a orientações de dieta e prática de atividade física.
Mais de um terço dos voluntários (34,4%) conseguiu redução de 20% ou mais no peso corporal, marca já observada em estudos com a versão injetável do medicamento. Quando considerados todos os participantes, inclusive os que não seguiram o tratamento à risca, a perda média foi de 13,6%, enquanto o placebo resultou em apenas 2,2%.
A semaglutida oral também impactou positivamente a saúde geral dos pacientes, segundo o estudo. Os participantes apresentaram melhorias na capacidade funcional, como levantar, caminhar e manter-se ativos, além de avanços em fatores de risco cardiovascular.
A semaglutida é uma substância que atua no corpo ativando um receptor chamado GLP-1, responsável por aumentar a sensação de saciedade, diminuir o apetite e ajudar o corpo a queimar energia de forma mais eficiente. Embora já seja conhecida na forma de injeção, a versão oral de 25 mg é o primeiro desse tipo a aprovada ser pela FDA para tratar a obesidade.
A Novo Nordisk já iniciou a produção da nova formulação nos Estados Unidos, com expectativa de análise regulatória concluída até o fim de 2025.
O estudo OASIS 4 adotou desenho duplo-cego e controlado por placebo. O perfil de segurança foi semelhante ao da versão injetável: efeitos gastrointestinais leves a moderados, como náuseas e vômitos, foram os mais relatados e se mostraram transitórios.
Eventos adversos graves ocorreram com maior frequência no grupo placebo, reforçando a tolerabilidade do medicamento. As taxas de descontinuação também foram equivalentes entre os grupos.
A obesidade é reconhecida como uma doença crônica, complexa e progressiva, que exige tratamentos de longo prazo. A chegada de uma formulação oral eficaz amplia as opções terapêuticas e facilita a adesão, já que elimina a necessidade de injeções.
Para Marília Fonseca, diretora médica da Novo Nordisk no Brasil, o lançamento é um divisor de águas. “A chegada de uma formulação oral de alta eficácia para o tratamento da obesidade é um marco que reflete nosso compromisso em ouvir e atender às necessidades dos pacientes”, disse ela em nota publicada no site oficial da companhia.