Curso (Freepik/Freepik)
Publicado em 10 de junho de 2025 às 11h30.
Última atualização em 10 de junho de 2025 às 11h33.
No mundo do ensino de idiomas, a inteligência artificial não está substituindo os professores — ela está potencializando seu trabalho. Se não aprendermos a integrá-la com intencionalidade pedagógica, corremos o risco de perder uma oportunidade histórica de democratizar o acesso ao ensino de línguas para milhões de pessoas.
Longe dos discursos apocalípticos sobre tecnologia, a IA está se consolidando como uma aliada poderosa, dentro e fora da sala de aula. Ferramentas como tradução instantânea, corretores gramaticais avançados e plataformas adaptativas estão quebrando barreiras e ampliando horizontes. Ao assumir tarefas repetitivas, a tecnologia libera os educadores para se concentrarem no que realmente importa: a conexão humana.
Depois de mais de 20 anos dedicados ao ensino de inglês, vi de perto que, quando usada como complemento, não como substituição, a tecnologia consegue manter o engajamento do aluno, personalizar a experiência e se adaptar ao seu ritmo.
Na Open English, vivemos isso na prática. Quando um professor explica os fundamentos de uma lição e propõe exercícios ao vivo, a plataforma analisa individualmente os erros de cada aluno e adapta a prática para focar exatamente as áreas que precisam de reforço. Isso não só melhora os resultados, como otimiza o tempo de aprendizado e faz com que cada minuto valha a pena.
Pesquisa desenvolvida pela Open English, em parceria com o Instituto QualiBest, mostra que a integração da IA no ensino de idiomas é bem-vinda por uma grande parcela dos entrevistados. Ainda que apenas 20% deles tenham feito algum curso de inglês com o apoio da inteligência artificial, 62% afirmam que gostariam de ter essa oportunidade. Além disso, 73% acreditam que a tecnologia pode ajudar no desenvolvimento de uma nova habilidade, como o aprendizado de línguas.
Outro dado relevante é que 89% dos participantes se mostraram abertos a realizar cursos em que a inteligência artificial recomendasse conteúdos com base em seus interesses, promovendo uma jornada de aprendizado personalizada. Entre os mais jovens, essa aceitação chega a 95%. Isso demonstra uma receptividade significativa a soluções educacionais que combinam personalização, tecnologia e flexibilidade, além de reforçar o potencial da IA como aliada no processo de aprendizagem.
Mas é fundamental lembrar que o professor segue sendo insubstituível. Nenhuma inteligência artificial é capaz de reproduzir a sensibilidade humana, a capacidade de adaptação em tempo real ou a empatia que um bom educador oferece. São os professores que percebem nuances emocionais, ajustam abordagens pedagógicas e constroem pontes afetivas com os alunos, algo essencial para um aprendizado verdadeiramente transformador.
A IA, portanto, deve ser vista como ferramenta de capacitação. Ela oferece aos educadores dados valiosos sobre o progresso de cada aluno, sugere planos de aula personalizados e garante feedback imediato. Pode também criar materiais mais avançados, como simulações realistas e ambientes virtuais, que ajudam a consolidar o aprendizado de forma significativa e prática.
O futuro da educação está na fusão harmoniosa entre tecnologia e humanidade, embora ainda tenhamos desafios a enfrentar. Professores e inteligência artificial, juntos, podem levar a qualidade do ensino a patamares nunca imaginados. Mas essa evolução só será bem-sucedida se for conduzida com responsabilidade, garantindo acesso equitativo aos recursos e uso ético das tecnologias. O aprendizado de idiomas não será substituído pela IA, será transformado por ela, tornando-se mais acessível, eficaz e, paradoxalmente, mais humano.
*Andrés Moreno é fundador e CEO da Open English