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Crônicas sobre (quase) tudo

Quanto mais escrevo, mais gosto de escrever, e mais natural se torna o ato da escrita

 (Getty Images)

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Publicado em 16 de outubro de 2025 às 18h12.

Última atualização em 16 de outubro de 2025 às 19h27.

Comecei a escrever tarde, aos 53 anos — e não parei mais. A escrita, para mim, é mais do que um hobby; é um vício. Se estou relaxado, aproveito para escrever. Se estou estressado, escrevo para relaxar. Levei 53 anos para fazer essa descoberta. Às vezes, penso que foi tempo perdido, pois poderia ter começado muito antes. Mas prefiro olhar para a metade cheia do copo — antes tarde do que nunca.

Quanto mais escrevo, mais gosto de escrever, e mais natural se torna o ato da escrita. Escrever é como praticar um esporte, quanto mais treinar, melhor. Um texto como este, no início, me custava dias. Hoje, são horas. Tudo vai ficando mais fluido — desde o pensamento, a estrutura dos parágrafos, a costura das frases, a escolha criteriosa de cada palavra.

Lembro bem do dia em que escrevi meu primeiro texto — em abril de 2020, internado no hospital com Covid, nos primeiros dias da pandemia. De lá para cá, não parei mais. Virou uma “cachaça”.

Eu desconhecia essa vocação que, certamente, esteve lá durante todos esses anos, escondida nos recônditos do meu cérebro — adormecida por décadas. No meu caso, não tenho dúvidas de que a doença do meu filho — e a luta que iniciei a partir dela — foi um divisor de águas na minha vida. Muita coisa mudou. A dor e o sofrimento se transformaram em força para lutar, para buscar a cura da doença, não apenas para ele, mas para milhares de outras crianças. Passei a ter um propósito de vida. Tornei-me uma pessoa mais sensível e, com isso, aflorou também minha aptidão para a escrita.

Desde então, tenho me perguntado: quantos talentos desconhecidos cada um de nós pode ter? Talentos que nunca foram explorados, que seguem escondidos, trancafiados dentro de nós.

Seja como for — e ainda que, no meu caso, tenha sido em decorrência de um grande sofrimento — estou muito feliz por estar lançando hoje o meu primeiro livro hoje: Reflexões sobre a passagem do tempo e outras histórias sobre (quase) tudo.

Espero que apreciem!

  • Lançamento em São Paulo 21/10  - Livraria da Vila, Alameda Lorena, 1501