Colunista
Publicado em 13 de setembro de 2025 às 08h01.
Última atualização em 13 de setembro de 2025 às 08h04.
Pouco tem se falado a respeito do setembro Dourado, o mês da conscientização sobre o câncer infantojuvenil. Obviamente que não se pode comparar o câncer em crianças com o de mama — outubro Rosa — ou o de próstata — novembro Azul. Isso porque estes são tumores muito mais frequentes e, portanto, têm maior repercussão na sociedade. Sempre é bom lembrar que a conscientização é a mãe da prevenção, que, por sua vez, é a raiz do diagnóstico precoce, que salva-vidas. Os meses “coloridos” são uma importante ferramenta de conscientização.
No caso do câncer infantil, o tema assume contornos mais dramáticos, pois se é triste ver um adulto padecendo desta terrível doença, o que dizer de uma criança que tem — ou deveria ter — a vida inteira pela frente? Costumo dizer que precisaria haver uma lei proibindo câncer em crianças. Porém, infelizmente, isso não é possível. As crianças também estão entre suas vítimas. E, ainda, em função da falta de conscientização dos pais e, muitas vezes, até de pediatras, os diagnósticos são tardios. Isso sem falar, é claro, nas limitações de acesso a consultas e exames, sobretudo para as populações mais vulneráveis.
Como se não bastasse, os tratamentos são da década de 80 — antigos e tóxicos — fazendo com que muitas crianças não sejam curadas ou tenham efeitos colaterais severos para o resto de suas vidas. Essa é a dura realidade dos tumores cerebrais pediátricos, que praticamente não recebem investimentos em pesquisa. Por serem raros, não despertam o interesse da indústria farmacêutica. Costumo dizer que a sociedade deixou essas crianças para trás.
Por tudo isso, e pelo meu filho ter sido diagnosticado com meduloblastoma — o tumor cerebral mais frequente em crianças — resolvi fazer algo para mudar este quadro triste. Fundei o The Medulloblastoma Initiative – MBI, um projeto que busca encontrar a cura desta terrível doença. Hoje, apenas quatro anos após sua fundação, o MBI reúne os melhores cientistas do planeta em 16 instituições nos EUA, Canadá e Alemanha. Já aprovamos dois tratamentos experimentais nos órgãos regulatórios americanos — em prazo recorde — e já estamos tratando os primeiros pequenos pacientes.
Apesar de termos avançado muito em um curto espaço de tempo, sabemos que ainda há um longo e árduo caminho pela frente. Mas não desanimaremos. Seguiremos firmes e fortes na nossa caminhada apressada para salvar milhares de crianças. E, se você teve o interesse de ler este artigo até aqui, considere aproveitar o setembro Dourado fazendo uma doação para o MBI (www.mbinitiative.org) ou para alguma outra instituição séria, transparente e que esteja fazendo a diferença.
Afinal, como diz o Talmud: “Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro.”