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O paradoxo do conhecimento: quanto mais o cliente sabe, mais ele se arrisca?

Quando o excesso de confiança entra em cena, o papel do advisor é trazer equilíbrio sem frear, mas sem deixar descontrolar

Inovação: Brasil representa 77% do mercado de startups na América Latina (patpitchaya/Getty Images)

Inovação: Brasil representa 77% do mercado de startups na América Latina (patpitchaya/Getty Images)

Publicado em 3 de setembro de 2025 às 20h05.

Última atualização em 4 de setembro de 2025 às 13h38.

É comum pensarmos que, quanto mais um cliente entende de investimentos, mais consciente ele tende a ser nas decisões. Mas nem sempre é assim.

Existe um paradoxo curioso: à medida que o investidor aprende, sua confiança cresce – e, com ela, o risco de achar que já domina tudo.

É o viés do excesso de confiança: um clássico da economia comportamental. Quanto mais ele acredita que domina… mais tende a subestimar os riscos.

O conhecimento é bom... mas, sem autocrítica, pode virar armadilha

A educação é fundamental. Contudo, o risco aparece quando o conhecimento parcial gera uma confiança total. É aquela velha história: um pouco de informação pode ser mais perigoso do que nenhuma.

É nesse ponto que o papel do advisor ganha outra camada: ser o contraponto racional em meio ao excesso de segurança emocional.

Orientar sem desmotivar. Alertar sem gerar medo

Na prática, isso exige um cuidado sutil:

- Mostrar os riscos sem parecer alarmista.

- Reconhecer a evolução do cliente sem alimentar a ilusão de que ele já domina tudo.

- Celebrar o conhecimento, mas reforçar os limites do controle.

Escuta, empatia e posicionamento

No fim das contas, nosso trabalho não é só recomendar produtos.

É também ajudar o cliente a entender que, por mais que ele estude, o mercado ainda carrega incertezas, e que ter humildade diante da complexidade é uma virtude estratégica.