Moscou (Rússia) (Mahmud Turkia/AFP)
João Pedro Caleiro
Publicado em 16 de dezembro de 2014 às 16h59.
São Paulo - Na calada da noite de ontem, mais especificamente à 1 hora da madrugada no horário local (20 horas no horário de Brasília), o Banco Central da Rússia fez um encontro de emergência e anunciou um aumento dos juros de 10,5% para impressionantes 17%.
O objetivo: segurar a queda do rublo, que já é de 50% no ano. Nenhuma moeda perdeu tanto valor, um resultado das sanções contra o país e, principalmente, da queda livre dos preços do petróleo nos últimos meses - a tempestade perfeita.
O custo: mergulhar a Rússia ainda mais profundamente em uma recessão. O BC estima que se o preço do barril continuar em US$ 60, a economia do país encolherá 4,5% no ano que vem.
Sergei Shvetsov, vice-presidente do Banco Central da Rússia, deu a medida da gravidade da situação para a agência Interfax:
"O que está acontecendo agora, nós não poderíamos ter imaginado há um ano atrás, nem nos nossos piores pesadelos. A situação é crítica (...) acredite, a decisão feita pelo Conselho de Diretores do Banco Central foi uma escolha entre muito ruim e muito, muito ruim",
Para um gerente de bancos russo, "elevar os juros para 17% é o fim do sistema bancário". Em declaração para a publicação Vedomosti, ele diz que o setor não-financeiro da economia simplesmente não tem como sobreviver com estas taxas: "Um exemplo: hoje, um dos maiores bancos disse para uma das maiores empresas de energia que vai aumentar as taxas de crédito para 19%".
O pior é que a medida não surtiu o efeito necessário: depois de um breve respiro, o rublo continuou caindo nesta terça-feira. O próximo passo pode ser a implantação de controle de capitais.
O próprio governo russo pode ficar insolvente rápido, já que o óleo é responsável por praticamente metade de sua receita, e suas reservas de ouro e moeda estrangeira estão se esgotando mais rápido até do que em 2008, quando o país viveu uma crise parecida.
"A economia da Rússia está condenada. É simples assim", decretou Matt O'Brien no blog Wonkblog, do Washington Post.