Editor de Macroeconomia
Publicado em 27 de outubro de 2025 às 10h10.
Última atualização em 27 de outubro de 2025 às 10h54.
Aaron "Ronnie" Chatterji está acostumado a perguntas. Ele é professor da prestigiada Universidade Duke desde 2006. Mas desde setembro do ano passado, quando assumiu como economista-chefe da OpenAI, a gigante de Inteligência Artificial (IA) norte-americana, uma pergunta se tornou a mais frequente: a IA roubará os nossos empregos?
Perguntado também pela EXAME — a dúvida, afinal, é pertinente em meio ao hype da IA —, Chatterji apela à empatia.
"Todos pensamos em nossos empregos como uma grande parte de nossa identidade. Quando as pessoas me fazem essa pergunta, e provavelmente é a pergunta mais comum que recebo, começo com uma posição de empatia e compreensão, porque, para muitas pessoas, seu trabalho é muito importante. Elas querem saber para onde ele está indo", diz em entrevista exclusiva que faz parte da edição de outubro da revista EXAME.
EXCLUSIVO: 'O Brasil pode liderar o mundo na IA', diz economista-chefe da OpenAIE complementa:
"Agora, a questão é: qual o impacto da IA no trabalho delas? E a próxima coisa que eu digo a elas é que é muito mais provável que alguém que sabe usar bem a IA assuma o seu emprego do que a IA assuma o seu."
Para ele, os elementos humanos dos nossos trabalhos estão cada vez mais importantes, a despeito do avanço da tecnologia.
"Se você pensar no trabalho que você e eu fazemos, grande parte dele envolve um elemento humano, mas há muito trabalho de base para preparar discussões como esta, escrever artigos, fazer pesquisas. A IA pode ajudar em muitas dessas coisas e nos libera para fazer outras partes mais humanas do nosso trabalho que a IA realmente não conseguiria fazer tão bem"
Em sua visão, os humanos continuarão e se tornarão mais importantes em diversas áreas.
"Mas se não usarmos a IA, é verdade que outras pessoas a usarão para se tornarem mais produtivas, para aprender novas habilidades, para avançar em seus objetivos", diz.
Por isso, aconselha:
"Eu digo às pessoas: em vez de terem medo da IA e pensarem nela no contexto de acabar com o trabalho, pensem em como ela pode melhorar o seu trabalho. E esse parece ser o caso quando você observa muitas tecnologias diferentes ao longo do tempo, que realmente nos ajudaram a fazer melhor o nosso trabalho. Isso não significa que o trabalho de todos será afetado da mesma forma."
Segundo Chatterji, alguns setores serão mais afetados do que outros. Por isso, é essencial que empresas e governos qualifiquem a força de trabalho para uma nova era.
"Ao mesmo tempo em que falamos sobre o uso de IA, também precisamos falar sobre treinamento e requalificação para os setores mais afetados. Francamente, isso é algo em que precisamos melhorar em todo o mundo, e precisaremos fazer isso também com a IA", afirma.