Agência de notícias
Publicado em 1 de outubro de 2025 às 18h15.
Última atualização em 1 de outubro de 2025 às 19h12.
Às vésperas de uma das votações mais aguardadas pelo governo, Arthur Lira (PP-AL) intensificou nesta quarta-feira o périplo de reuniões para garantir a aprovação do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda. O ex-presidente da Câmara e relator do texto tem repetido que a intenção é “mexer o mínimo possível” na proposta enviada pelo governo, evitando que a votação em plenário seja desidratada por emendas ou destaques.
Após se reunir com líderes da Casa, porém, admitiu que precisará fazer algumas "correções".
— São três ou quatro assuntos que precisavam de correção para tornar mais justo o texto. Vou conversar no colégio de líderes. Eu vou liberar o texto antecipado — disse o relator, antes de reunião com os líderes da Câmara.
Lira ponderou, contudo, que as mudanças não foram substanciais e que não terão grande peso no texto.
Segundo parlamentares presentes nas conversas, Lira recebeu integrantes do União Brasil, do PP e do PSD entre a noite desta terça-feira e o dia de quarta-feira, numa ofensiva para consolidar apoios antes da ida do texto ao plenário. O recado que circulou nos gabinetes foi claro: o relator busca blindar o projeto, considerado prioridade pelo Planalto, diante de pressões setoriais por mudanças nas compensações e na calibragem das faixas.
A movimentação também é lida como resposta direta ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), que tem feito críticas públicas ao desenho da reforma. Aliados de Lira avaliam que, ao aprovar o projeto com solidez e sem sobressaltos, o deputado reforçaria sua autoridade na arena política e mostraria capacidade de entregar uma pauta que se tornou vitrine para o governo Lula. O gesto é ainda mais simbólico no momento em que o presidente busca demonstrar controle da agenda econômica.
O governo acompanha de perto. Lula recebeu hoje líderes do União e do PP tanto no Planalto quanto no Alvorada, pedindo empenho pela aprovação “sem destaques”. Assessores relatam que o presidente deixou claro o receio de que uma votação fatiada fragilize o texto, abrindo brechas para derrotas parciais. A linha traçada pelo Planalto coincide com a de Lira: quanto menos alterações, maior a chance de preservar o impacto político da medida.
Enquanto a Câmara corre para votar o Imposto de Renda, a medida provisória alternativa ao IOF passa por momentos de tensão. Com a votação prevista para amanhã, líderes avaliam que pode ser incorporada ao IR, o que o governo não aceita, ou ter a análise adiada, o que pode fazer caducar.
Outro ponto que permanece travado nos bastidores é a proposta de dosimetria para os condenados nos atos de 8 de janeiro. O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, relatou dificuldade em avançar nas negociações com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Desde a derrota na PEC da Blindagem, Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, tem preferido se debruçar sobre temas mais populares. A expectativa é de que a reforma administrativa, relatado por Pedro Paulo (PSD-RJ), seja apresentada nesta quinta-feira.