Economia

'Apesar da taxa de juros e apesar do Trump, neste país está acontecendo um milagre', diz Lula

Segundo o presidente da República, o país cresce e o dinheiro não pode ficar concentrado na “mão de meia dúzia” que vive de “especulação, recebendo dividendo e aplicando”

 (Canal Gov/Divulgação)

(Canal Gov/Divulgação)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 8 de abril de 2025 às 12h37.

Última atualização em 8 de abril de 2025 às 13h25.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta terça-feira, 8, a taxa de juros do país, atualmente em 14,25% ao ano, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo ele, mesmo com a Selic alta e com as medidas tomadas por Trump, há um milagre em curso no país que não é macroeconômico e, sim, microeconômico.

“Apesar da taxa de juros e apesar do Trump, neste país está acontecendo um milagre. Não é um milagre macroeconômico. É um milagre microeconômico”, disse, enquanto participava da cerimônia de abertura do 100º Encontro Internacional da Indústria da Construção, em São Paulo.

Lula também afirmou que o dinheiro não pode ficar concentrado na “mão de meia dúzia” que vivem de “especulação, recebendo dividendo e aplicando”. O presidente disse que o dinheiro precisa circular nas mãos dos mais pobres.

“Embora eu não tenha o curso de economista da Unicamp, nem da USP e nem da Fundação Getulio Vargas, nem da Universidade Federal do Rio de Janeiro, eu tenho consciência de que o dinheiro tem que circular na mão de todos. O dinheiro não pode ficar concentrado na mão de meia dúzia vivendo de especulação, recebendo dividendo e aplicando. Não. Esse dinheiro precisa circular”, disse.

Críticas a Trump

Lula ainda direcionou parte do discurso para analisar as medidas tomadas por Trump. Segundo ele, as medidas tomadas pelo presidente dos Estados Unidos de promover uma guerra tarifária enfraquecem o multilateralismo e não darão certo.

"Eu estou vendo o comportamento do presidente Trump nos Estados Unidos. Não sei o que vocês pensam, mas eu acho que não vai dar certo. Ninguém pega um transatlântico daquele, carregado, e muito carregado e faz as coisas que estão acontecendo lá. Ninguém brinca de que o mundo não existe, com quase 200 países. Ninguém esquece que todos os países querem ter soberania e querem estabelecer um processo de harmonia. Afinal de contas, a coisa mais importante hoje é o multilateralismo", disse.

O presidente também relembrou que a defesa do livre comércio e da globalização ganharam força a partir dos anos 1980 e que Trump quer dar um cavalo de pau na economia global.

"Quantos anos vocês passaram ouvindo que era preciso defender o livre comércio, quantos anos vocês ouviram dizendo que era preciso ter globalização, combater o protecionismo? Desde os anos 1980, quando [Margaret] Thatcher assumiu a Inglaterra e [Ronald] Reagan, os Estados Unidos. De repente, o mundo tem um cavalo de pau e um cidadão sozinho acha que é capaz de dar regras para tudo que vai acontecer no mundo. Eu tenho que dizer para vocês que pode não dar certo", disse

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