Economia

Após críticas, governo desiste de taxar o açúcar

Governo pretendia taxar a exportação de açúcar para garantir o aumento da produção de etano

Intenção do governo era aumentar a produção do etanol, forçando a diminuição do seu preço na bomba (Petrobras/Divulgação)

Intenção do governo era aumentar a produção do etanol, forçando a diminuição do seu preço na bomba (Petrobras/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2011 às 19h52.

Brasília - O governo praticamente enterrou a proposta de taxar as exportações de açúcar para forçar um aumento na produção de etanol. A hipótese, duramente criticada pelos usineiros, foi lançada depois que o preço do álcool combustível chegou a ser negociado praticamente no mesmo valor do litro da gasolina. O descarte da medida deve ser oficializado pela presidente Dilma Rousseff em maio.

O governo pretendia taxar a exportação de açúcar para garantir o aumento da produção de etanol. Com a oferta maior, a tendência seria a queda dos preços nos postos de combustíveis. Ao reavaliar a medida, o governo percebeu que a proposta poderia ser "um tiro no pé": o Brasil correria o risco de reduzir a venda de açúcar no mercado externo e ainda por cima não conseguiria baixar os preços do etanol.

Segundo uma fonte do governo envolvida nas discussões, o imposto cobrado nas exportações acabaria sendo repassado para os importadores, o que tornaria o produto menos competitivo no exterior. Isso poderia abrir uma janela no mercado internacional para a entrada de produtores de outros países, que atualmente não têm condições de disputar com o Brasil esse mercado. "Foi isso o que fez a Argentina no passado, e não deu certo", comparou a fonte.

A intenção de taxar as exportações de açúcar recebeu sérias críticas. Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), chegou a afirmar que o governo escolheu o açúcar como culpado pela falta de álcool no mercado. "Depois de proporem a taxação do minério de ferro, agora querem taxar o minério branco", reagiu. Analistas já haviam alertado sobre os riscos de a taxação do açúcar não surtir os efeitos esperados. "Taxar a exportação brasileira de açúcar vai forçar o preço internacional e causar um problema ainda maior", ponderou Ricardo Corrêa, analista de energia da Ativa Corretora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:EnergiaCommoditiesCombustíveisacucarEtanolBiocombustíveis

Mais de Economia

Lira acolhe só três de 99 emendas e mantém núcleo do projeto de isenção de IR até R$ 5 mil

Sem acordo, Congresso adia votação de MP alternativa ao IOF para véspera do prazo de validade

Antes de votação do IR, Lira diz que deve 'ajustar' pontos do projeto

Empresas de bets terão de bloquear cadastros de beneficiários do Bolsa Família e BPC/Loas