Economia

Argentina acusa grupo de credores de extorsão

Presidente disse que país vai continuar pagando a dívida reestruturada em 2005 e em 2010, mas não explicou como será feito sem sofrer um embargo


	Cristina Kirchner: presidente não pretende negociar com fundos que ganharam a causa contra Argentina
 (Enrique Marcarian/Reuters/Reuters)

Cristina Kirchner: presidente não pretende negociar com fundos que ganharam a causa contra Argentina (Enrique Marcarian/Reuters/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2014 às 23h21.

Buenos Aires - A presidente Cristina Kirchner afirmou, na noite desta segunda-feira, que a Argentina vai continuar pagando a dívida reestruturada em 2005 e em 2010.

Porém, não explicou como isso será feito sem sofrer um embargo após decisão da Corte Suprema de Justiça dos Estados Unidos de rejeitar revisão da sentença contra o país em disputa com credores de títulos não reestruturados, denominados holdouts.

A presidente também deixou claro que não pretende negociar com os fundos que ganharam a causa contra a Argentina, liderados por NML Capital.

"Há uma grande diferença entre negociar e fazer extorsão", disparou a presidente argentina em cadeia nacional de rádio e TV. Cristina afirmou que NML adquiriu títulos no valor de US$ 48,7 milhões e, agora, quer receber US$ 1,5 bilhão.

"O país não merece semelhante extorsão, nem os detentores de títulos reestruturados que aceitaram descontos" de quase 70%, disse Cristina.

A presidente explicou que se seu governo pagar o valor reclamado na sentença americana, poderia disparar um efeito dominó com causas em torno de US$ 15 bilhões contra a Argentina.

"Esse valor é mais da metade que as reservas do BC. É absurdo que um país destine 50% de suas reservas monetárias para pagar dívidas", reclamou.

Ela também comentou que não se surpreendeu com a decisão da Corte Suprema norte-americana, como o mercado e os analistas se surpreenderam.

"Quero confessar uma coisa: a sentença não me surpreendeu. Eu esperava essa sentença porque isso é a convalidação de um modelo de negócio em escala global, e vai continuar produzindo tragédias mundiais", afirmou.

Depois de fazer um histórico da dívida argentina, contraída na época da ditadura e acumulada durante os governos posteriores, e de criticar a decisão da justiça americana e os holdouts, Cristina garantiu que seu país não vai declarar um novo default.

"Aos 92% dos credores que acreditaram na Argentina, que aceitaram a reestruturação com desconto, quero dizer que Argentina vai cumprir suas obrigações. Argentina não vai entrar em moratória da dívida reestruturada", reiterou.

"Temos vencimento de US$ 900 milhões no dia 30 de junho e vamos pagar", confirmou a presidente.

Ela ressaltou que as negociações recentes realizadas por seu governo para pagar indenização à Repsol e a dívida ao Clube de Paris, além de manter em dia o pagamento da dívida reestruturada são demonstrações de que "a vocação da Argentina é pagar".

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