EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h16.
Depois de restringir a entrada de geladeiras, máquinas de lavar e televisores brasileiros, a Argentina estuda novas regras para limitar as importações de automóveis. O objetivo é estimular as importações de montadoras que também possuam fábricas na Argentina e dificultar os negócios de quem só opera no Brasil.
Pelo atual sistema, chamado "flex", os argentinos têm o direito de importar 2,40 dólares em automóveis do Brasil, para cada dólar que a indústria automotiva argentina exporta para cá. Os novos acordos seriam assinados diretamente com as montadoras. Para estabelecer as cotas de importação de cada companhia, seriam avaliados o número de veículos fabricados na Argentina e também a produção de autopeças e kits para montagem. Deste modo, as montadoras que mais produzem na Argentina também ganhariam o direito a importar mais automóveis do Brasil, segundo noticiou o jornal argentino Clarín.
Com o agravamento da crise do país vizinho nos anos 90, as montadoras migraram fortemente para o Brasil. Enquanto dez novas empresas se instalavam no país, a produção argentina caía e se especializava no segmento de veículos médios, de menor demanda e maior valor. Já os brasileiros passaram a abastecer o mercado argentino com veículos populares.
O resultado é que as exportações argentinas de automóveis representam apenas 2,4% do mercado brasileiro. Em contrapartida, as montadoras brasileiras dominam 60% do consumo de veículos na Argentina. As restrições impostas a outros produtos brasileiros, como geladeiras e televisores, têm prazos que variam de três a cinco anos. Cientes de que o governo e as montadoras do Brasil resistirão a aceitar restrições no setor automotivo por prazos semelhantes, a intenção da Argentina é oferecer acordos diretos com as empresas, com validade de um ano, podendo ser renovados automaticamente.
Segundo o Clarín, a conclusão dessas negociações dependerá, porém, de como o governo Lula resolverá suas tensões internas. De um lado, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, não aceita novos acordos para não comprometer o crescimento das exportações do Brasil. De outro, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, aceita a assinatura de alguns tratados, para viabilizar o Mercosul no longo prazo (leia reportagem de EXAME sobre o bloco econômico).