Economia

Argentinos esvaziam Decathlon em Florianópolis diariamente e unidade vira campeã global de vendas

Com recorde de público e preços que chegam a custar metade do que no país vizinho, loja recebe entre quatro e cinco mil clientes por dia; 90% deles são argentinos

 Superlotação está diretamente ligada com a situação da economia na Argentina (Reprodução/ Decathlon)

Superlotação está diretamente ligada com a situação da economia na Argentina (Reprodução/ Decathlon)

Publicado em 6 de fevereiro de 2025 às 15h14.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2025 às 10h10.

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Após horas na fila, quem demora um pouco mais para conseguir entrar na Decathlon de Florianópolis (SC) encontra as prateleiras praticamente vazias. Diariamente, a loja de artigos esportivos amanhece abastecida de produtos e termina quase limpa.

Esta situação colocou a unidade como a primeira do mundo em faturamento, mesmo a rede varejista operando em 76 países, com mais de 1.700 lojas. A superlotação está diretamente ligada com a situação da economia na Argentina.

O peso argentino está valorizado em relação ao real, o que gerou a condição mais favorável aos argentinos nos últimos 26 anos. Isso inverte a lógica do turismo que ocorria até o início de 2024, quando era mais favorável que os brasileiros visitassem o país vizinho.

Assim, os argentinos de maior renda aproveitam para fazer turismo de compras. “Em 2024, houve uma valorização surreal em torno de 50% da moeda argentina, tornando os preços do Brasil mais acessíveis para os argentinos. Este câmbio favorece as compras”, explica o economista da FGV Joelson Sampaio.

Segundo a CMO da Decathlon, Liana Kerikian, a unidade de Florianópolis está acostumada a receber clientes argentinos nesta época, devido às férias de verão. Neste ano, no entanto, o número de turistas superou as expectativas. Os argentinos representam 90% da clientela. “A gente está recebendo entre 4 mil e 5 mil clientes por dia”, disse.

@ciberperiodismo Los argentinos de compras en Brasil 🇧🇷❤️ Se están llevando TODO ‼️ Gabriel nos envía éste vídeo desde Florianópolis y nos cuenta: "José el video es de Decathlon en Florianópolis, pero además averigüé precios de electrónica! No fui al lugar más barato. Fui a havan que es un poco más costoso que angeloni, pero el cambio aún siendo algo desfavorable con las app nos sigue conviniendo un montón. Por ejemplo, pregunté por un bombox jbl 3 que en mercado libre lo ví en 850 lucas, acá me pidieron 2089 reales. Algo así al tipo de cambio en 450 mil Otro tema. Es todo humo lo de aduana. No controlan nada. Con las nuevas regulaciones, pasa todo directo. En aduanas había gente entrando con drones, cámaras, notebooks. Es increíble lo que está perdiendo la argentina en divisas." 📲 Envía tus vídeos desde cualquier país del mundo al WhatsApp 549 362 465-9020 #CiberPeriodismo LA REALIDAD REAL #brasil #argentina #shopping #compra #vacaciones #holiday ♬ sonido original - José Viñuela #CiberPeriodismo

Para lidar com a alta demanda, a loja reforçou a operação. O estoque foi planejado desde outubro de 2024 para garantir que a loja tenha produtos suficientes. “Estamos fazendo cerca de seis entregas por semana vindas do centro de distribuição em São Paulo”, diz.

A abordagem da varejista no setor esportivo foge dos padrões seguidos por concorrentes como Adidas e Nike. A empresa administra mais de 60 marcas próprias e atende a mais de 65 modalidades esportivas, o que permite um portfólio extenso de produtos a preços acessíveis.

“Temos relatos nas lojas de que comprar aqui está 50% mais barato do que comprar lá [na Argentina]. Anteriormente, a gente percebia uma procura maior por produtos de valor mais baixo e mais acessível. Este ano eles também estão comprando produtos de valor mais alto, produtos mais técnicos e de maior inovação, como caiaques, e stand-up inflável”, relata.

Como comparação, no Brasil, uma camiseta de corrida da Adidas custa R$ 129,99. Não há lojas da Decathlon na Argentina, mas na rede argentina Solo Deportes, um modelo similar sai por 45 mil pesos, cerca de R$ 250.

Sinais de melhora na economia argentina

Desde que assumiu, no fim de 2023, o presidente Javier Milei adotou medidas para conter o déficit fiscal e controlar a hiperinflação, que chegou a ultrapassar 200% anuais na Argentina em 2023. O ajuste fiscal incluiu cortes em subsídios estatais, desvalorização da cotação oficial do peso argentino e uma desregulamentação do mercado. Como consequência, a população enfrentou um aumento considerável nos preços dos serviços e retração no consumo doméstico.

Agora, a segunda maior economia da América do Sul está mostrando sinais de melhora, impulsionada por setores como finanças e mineração, especialmente com a extração de petróleo em Vaca Muerta. Entre os sinais da retomada, tem havido melhora no nível de emprego. Após meses em recessão, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o PIB do país crescerá 5% em 2025.

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