Aloizio Mercadante: presidente do BNDES promete medidas rápidas e inovações nas novas linhas de crédito para apoiar as empresas afetadas pelo tarifaço dos Estados Unidos. (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 21 de agosto de 2025 às 14h04.
Sem dar detalhes nem adiantar condições de juros, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, prometeu agilidade e “surpresas importantes” nas linhas de crédito que o governo federal lançará, como parte do pacote de medidas para mitigar os efeitos negativos da sobretaxa imposta pelos Estados Unidos sobre as exportações do Brasil.
Uma linha de crédito de cerca de R$ 3 bilhões, usando recursos do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), é a peça central do pacote de medidas anunciado na semana passada. O BNDES já é, atualmente, o operador financeiro do FGE. Segundo Mercadante, o banco de fomento vai “coordenar” a aplicação das medidas, mas o desenho final do pacote, incluindo as condições de juros e prazo da linha de crédito, será definido pela equipe econômica, em Brasília.
Mercadante garantiu que o pacote trará “surpresas importantes”, com inovações que tornarão as condições de crédito mais atrativas para as empresas. "Assim que o presidente Lula bater o martelo sobre como será, o BNDES está pronto para acelerar e fazer da forma mais rápida e eficiente", afirmou o presidente do banco em entrevista durante a apresentação dos resultados do BNDES no segundo trimestre.
Mercadante comparou o pacote de contingência para enfrentar o tarifaço de Trump com as medidas de apoio às empresas do Rio Grande do Sul na reconstrução dos estragos provocados pelas enchentes que assolaram o estado na virada de abril para maio de 2024. Ele destacou a agilidade do BNDES: "No Rio Grande do Sul, no crédito direto do BNDES, aumentamos em seis vezes a velocidade de aprovação (de empréstimos)".
Mercadante sugeriu que as empresas aptas a receber a linha de crédito emergencial se preparem para agir rapidamente. Ele orientou que as empresas procurem os bancos comerciais com os quais já têm relacionamento, pois isso pode acelerar o desembolso: “Seria prudente que as empresas, assim que for liberada a linha, trabalhem com os bancos em que elas já são clientes, porque isso acelera o desembolso”.
O presidente do BNDES também apontou que os critérios para determinar quais empresas terão direito a acessar o apoio federal serão definidos pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e pela Receita Federal. Ele destacou que essas instituições têm acesso aos dados de exportação e poderão avaliar as perdas causadas pela sobretaxa americana.
O FGE tem um patrimônio de R$ 53,8 bilhões e registrou um lucro de R$ 1,7 bilhão no primeiro semestre de 2024, conforme relatório de gestão elaborado pelo BNDES. Criado em 1997, o FGE serve para cobrir o Seguro de Crédito à Exportação (SCE), que garante os financiamentos às exportações de bens e serviços. O governo federal planeja uma reforma estrutural no FGE, visando utilizar o fundo como fonte de recurso para operações de crédito com juros mais baixos a empresas dos setores mais afetados pela perda das exportações para os EUA.