Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 25 de novembro de 2025 às 14h18.
O ajuste fiscal necessário para reduzir o patamar “preocupante” da dívida pública é de 4% do PIB brasileiro, algo em torno de R$ 400 bilhões, segundo economistas do Itaú BBA.
“O tamanho do desafio fiscal não mudou muito. O Brasil precisa de um ajuste de 4% do PIB, uma vez que a dinâmica da dívida bruta é preocupante”, disse Pedro Schneider, economista do Itaú BBA.
As estimativas do banco apontam que a dívida bruta chegará a 85% do PIB em 2026, com o aumento de gastos e a manutenção de créditos tributários. Hoje, a previsão é que o ano encerre a dívida em 79% da dívida.
Mario Mesquita, economista-chefe do braço de investimento do banco, afirmou que o desafio é grande, mas que deveria ocorrer de uma vez só e não forma gradual.
Ele avalia que esse grande ajuste precisaria acontecer ainda no início do próximo governo para aproveitar uma possível lua de mel com um Congresso após as eleições.
"Se você tem um desafio grande, o ideal é enfrentá-lo quando o capital político do governo está no máximo. E o capital político de qualquer governo, independentemente da orientação ideológica, está no máximo no momento que o governo começa", afirmou Mesquita.
Para o economista-chefe, em linhas gerais, o ajuste deveria contemplar a calibragem de gastos com pensões, o fim da vinculação dos gastos com saúde e educação com receita e o corte de crédito tributário para empresas.
Mesquita defende que essas medidas são essenciais para o Brasil reduza a dívida para voltar a ter um grau de investimento de países desenvolvidos.
"Acho difícil o Brasil chegar ao grau de investimentos com dívida de 80%. Acredito que deveria ser de 60%. O problema tem relação com a contenção de crescimento dos gastos e corte de gastos tributários", afirmou.
Schneider alerta ainda que as estatais estão na conta da dívida pública, mas que “sempre aparecem esqueletos no meio do caminho”, o que pode aumentar o rombo fiscal.
Segundo ele, o déficit das estatais está estimado em R$ 10 bilhões, mas apenas os Correios estão em busca de um empréstimo de R$ 20 bilhões para viabilizar o equilíbrio financeiro da companhia.