(2023) Navio no porto de Balboa, na entrada do Canal do Panamá (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 18 de setembro de 2025 às 20h36.
A Autoridade do Canal do Panamá (ACP) iniciou nesta quinta-feira negociações com 23 empresas interessadas em um projeto de gasoduto paralelo à hidrovia interoceânica para facilitar o transporte de combustível dos Estados Unidos para a Ásia.
A ACP planeja iniciar a construção de um gasoduto de 77km em 2027 para transportar propano, butano e etano da Costa Leste dos Estados Unidos para China, Japão e Coreia do Sul, um negócio que a autoridade do canal estima que dobrará na próxima década.
O combustível chegaria por navio ao Caribe panamenho e, após cruzar o istmo pelo gasoduto, seria reembarcado no Pacífico com destino à Ásia. O canal "iniciou o processo de seleção da concessionária com uma abordagem inicial ao mercado, em um evento realizado na Cidade do Panamá, com a presença de mais de 45 representantes de empresas do setor de energia em todo o mundo", informou a ACP em comunicado.
A nota acrescenta que entre as 23 empresas presentes estavam as petrolíferas Shell e ExxonMobil. Na terça-feira, o chefe da ACP, Ricaurte Vásquez, afirmou que a demanda por gás de petróleo "dobrará nos próximos 10 anos" e, se o Panamá não construir o gasoduto, poderá surgir "uma rota diferente" para seu transporte.
O gasoduto poderá custar entre US$ 2 bilhões e US$ 8 bilhões (entre R$ 10,64 bilhões e R$ 42,53 bilhões na cotação atual), dependendo se todos os três gases ou apenas um deles forem transportados. Cerca de 5% do comércio marítimo global passa pelo Canal do Panamá, cujos principais usuários são os Estados Unidos e a China.
Mais de 90% do propano, butano e etano enviados dos Estados Unidos para a Ásia utilizaram o Canal do Panamá até 2023, mas essa porcentagem vem diminuindo. De acordo com as projeções da ACP, o gasoduto permitiria o transporte de 2,5 milhões de barris de combustível por dia. A ACP estima que a concessionária será selecionada no quarto trimestre de 2026.
Vásquez acredita que o transporte de gás aumentará nos próximos anos devido à industrialização da Índia e à capacidade de exportação dos Estados Unidos. O canal, inaugurado pelos Estados Unidos em 1914, conecta mais de 1.900 portos em 170 países.