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Com juro mais alto, bancos projetam recuo na oferta de crédito em 2025

Levantamento foi feito pela Febraban com 19 instituições financeiras

Agência o Globo
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Publicado em 1 de janeiro de 2025 às 17h03.

Última atualização em 1 de janeiro de 2025 às 17h07.

A alta dos juros e a piora nas perspectivas econômicas devem reduzir a oferta de crédito nos bancos este ano na comparação com 2024. Se se confirmarem as estimativas da pesquisa feita pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) com 19 instituições financeiras o crédito deverá crescer 9% este ano frente aos 10,5% estimados para 2024.

A carteira de recursos livres deve se expandir 8,3% este ano e a direcionada, 9,7%, revela a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban divulgada nesta quarta-feira, 1º. O levantamento foi feito entre os dias 17 e 20 de dezembro e é realizado a cada 45 dias pela Febraban, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A pesquisa mostra a estimativa dos bancos para o comportamento de diversas variáveis da economia.

Os dados de 2024 (até novembro) confirmam a estimativa de que a oferta de crédito teve crescimento de dois dígitos, refletindo a queda dos juros no 1º semestre, os índices de inadimplência mais contidos, elevação da renda das famílias, recuperação do crédito para as empresas e novos programas públicos.

A carteira com recursos livres, entre janeiro e dezembro de 2024, deverá mostrar expansão de 10,1%. Já a carteira com recursos direcionados deverá fechar com alta de 11,4%.

“Começamos o ano com as expectativas de crédito recalibradas diante do cenário macroeconômico mais desafiador que se desenha, com maior aperto monetário para conter a inflação e seu reflexo direto na atividade", avaliou em nota Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.

Mesmo com recuo da oferta de crédito em relação a 2024, o crescimento projetado da oferta de crédito mostra um percentual elevado, próximo ao verificado em 2024.

Ainda de acordo com a pesquisa, a expectativa para a taxa de inadimplência da carteira livre aponta ligeira piora para o fechamento de 2024. O indicador deve encerrar 2024 em 4,5%, pouco acima do nível atual, 4,3% em novembro, segundo dados do Banco Central.

Para 2025, a projeção da inadimplência da carteira livre também se elevou um pouco e atingiu 4,7%, ante 4,5% na pesquisa anterior.

“Esses dados indicam que as instituições financeiras começam a ver um cenário mais negativo para a inadimplência do próximo ano e, por isso, precisam analisar com atenção a performance das famílias e das micro, pequenas e médias empresas, diante do novo ciclo de alta dos juros”, complementa Sardenberg.

Juros a 15% e dólar valendo R$ 6

A pesquisa mostra que a grande maioria dos entrevistados (84,2%) espera que o Copom eleve a taxa Selic para além de 14,25% ao ano no atual ciclo de aperto monetário. Porém, a maioria (52,6%) espera que um novo de ciclo de flexibilização monetária se inicie ainda em 2025.

Sobre a trajetória da Selic, a expectativa para os juros se elevou novamente ante as pesquisas anteriores. Agora, a mediana para a Selic prevê alta até 15% ao ano em junho de 2025.

A expectativa para a taxa de câmbio também seguiu em alta em relação às pesquisas anteriores. No curto prazo, a expectativa é que o câmbio siga próximo do nível de R$ 6,00, mas recuando a R$ 5,90 em julho de 2025.

A maioria dos participantes da pesquisa (57,9%) espera que o IPCA encerre 2025 acima de 4,5%, ou seja, além do teto da meta, em função de inúmeros fatores, como a atividade aquecida, o mercado de trabalho apertado e o câmbio depreciado.

Com relação à atividade, metade dos participantes espera que o PIB cresça em torno de 2% em 2025, que é o consenso atual de mercado. Contudo, 27,8% dos participantes esperam um crescimento menor, diante do nível restritivo da política monetária/condições financeiras e redução dos estímulos fiscais.

No campo fiscal, a maior parte dos entrevistados (66,7%) estima que o pacote aprovado no Congresso gere uma economia entre R$ 40 bi e R$ 55 bi nos próximos dois anos.

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