Economia

Contas externas do Brasil registram déficit de US$ 4,7 bilhões em agosto, diz BC

Investimentos diretos somam US$ 8 bilhões, enquanto reservas internacionais alcançam US$ 350,8 bilhões

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 26 de setembro de 2025 às 09h43.

As contas externas do Brasil – que somam tudo o que o país paga e recebe em transações com outros países – registraram déficit de US$ 4,7 bilhões em agosto de 2025, segundo o relatório Estatísticas do Setor Externo divulgado nesta sexta-feira pelo Banco Central. O resultado representa melhora em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o déficit foi de US$ 7,2 bilhões, e reflete, principalmente, aumento do superávit comercial e queda nas despesas com serviços.

No acumulado de 12 meses encerrado em agosto, o país gastou no exterior US$ 76,2 bilhões a mais do que recebeu, o equivalente a 3,51% do Produto Interno Bruto (PIB). Em julho, esse percentual estava em 3,66%, e em agosto de 2024, em 1,95%.

O que está por trás dos números

As contas externas incluem três grandes grupos: balança comercial de exportações e importações; serviços, que contam com gastos com transporte, aluguel de equipamentos, tecnologia e turismo; e renda primária, que inclui lucros, dividendos e juros que empresas enviam para fora.

Balança comercial: superávit de US$ 5,5 bilhões, acima dos US$ 3,7 bilhões de agosto de 2024. As exportações somaram US$ 30,0 bilhões (+3,8% na comparação anual), enquanto as importações caíram 2,6%, para US$ 24,5 bilhões.

Serviços: déficit de US$ 4,2 bilhões, queda de 20,3% em relação a agosto de 2024 (US$ 5,3 bilhões). Houve recuos nas despesas líquidas de transporte (-21,5%, para US$ 1,2 bilhão), propriedade intelectual (-18,6%, para US$ 637 milhões), telecomunicação e computação (-6,6%, para US$ 561 milhões) e aluguel de equipamentos (-5,5%, para US$ 934 milhões). As viagens internacionais ficaram estáveis em US$ 1,2 bilhão.

Renda primária: déficit de US$ 6,3 bilhões, 6,4% maior que o de agosto de 2024. As despesas líquidas com juros subiram 9,3%, para US$ 1,5 bilhão, e as de lucros e dividendos aumentaram 5,2%, para US$ 4,9 bilhões.

Investimentos e reservas

Os investimentos diretos (como abertura ou ampliação de empresas) no país (IDP) somaram ingressos líquidos de US$ 8 bilhões em agosto, ligeiramente abaixo dos US$ 8,2 bilhões de um ano antes. No acumulado de 12 meses, o IDP atingiu US$ 69 bilhões, o equivalente a 3,18% do PIB.

Os investimentos em carteira tiveram ingressos líquidos de US$ 2,8 bilhões, com saídas de US$ 464 milhões em ações e fundos de investimento e ingressos de US$ 3,3 bilhões em títulos de dívida.

As reservas internacionais – o “cofre” de dólares do Brasil – fecharam agosto em US$ 350,8 bilhões, um aumento de US$ 5,7 bilhões em relação ao mês anterior, impulsionado por variações de paridades cambiais, preços e receitas de juros.

O que esperar de setembro

Os números preliminares até dia 24 apontam exportações de US$ 16,7 bilhões e importações de US$ 12,9 bilhões, deixando um superávit parcial de US$ 3,8 bilhões na balança comercial. No lado financeiro, as compras de dólares somaram US$ 10,8 bilhões, mas as vendas chegaram a US$ 17,9 bilhões, com saldo negativo de US$ 1,1 bilhão.

Segundo o Banco Central, se esse ritmo continuar, o Brasil deve registrar novo déficit nas contas externas em setembro.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralDívidas

Mais de Economia

Novo consignado privado registra aumento de juros e amplia acesso ao crédito, diz BC

Pobreza na Argentina cai para o menor nível desde 2018

Após nova operação sobre lavagem do PCC, Haddad afirma que Receita Federal pode ter 'delegacia'

IPCA deve permanecer elevado e Selic em patamar alto, alerta BC