Economia

Crise não deve afetar comércio entre Brasil e China

Câmara de Comércio entre os dois países acredita que negócios vão seguir em alta

Comércio entre Brasil e China deve seguir em alta, apesar da crise (Getty Images)

Comércio entre Brasil e China deve seguir em alta, apesar da crise (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2011 às 15h15.

São Paulo - O comércio entre Brasil e China deve se manter aquecido em 2011, mesmo com a perspectiva de retração da atividade econômica mundial. A opinião é do cônsul-geral da China no Brasil, Sun Rongmao, e da diretora-executiva da Câmara de Comércio Brasil-China, Uta Schwiezer, que participaram hoje de seminário de negócios e investimentos, na capital paulista.

Na avaliação de Rongmao e de Schwiezer, os dois países têm uma economia interdependente e demandam matérias-primas, por parte da China, e máquinas e equipamentos, por parte do Brasil. A representante da Câmara de Comércio ressaltou que não vê uma ruptura da tendência de alta no comércio entre as duas nações, mesmo com a crise internacional, que atinge principalmente os Estados Unidos e países da Europa.

De acordo com Uta Schwiezer, as dificuldades econômicas dos países ricos vão afetar o mercado mundial de commodities, mas, pelo progresso demonstrado pela China - estimulado por investimentos do governo chinês -, o país tende a manter a demanda por produtos primários brasileiros. "Pode, no máximo, haver uma desaceleração desse comércio bilateral, mas a curva dos negócios entre os dois países mostra um aumento crescente e rápido", afirmou.

O cônsul-geral chinês observou que a economia chinesa está mudando o seu modelo de produção e desenvolvimento, com estímulos para o mercado interno. Segundo ele, o Brasil pode se beneficiar desse cenário, com a demanda de commodities necessárias para obras de infraestrutura, como estradas, ferrovias e habitação.

"Nós temos de estimular a demanda interna por meio de investimentos em infraestrutura e, para isso, vamos precisar de matérias-primas. É aí que o Brasil tende a ganhar", afirmou o cônsul-geral. Ele observou que o custo de produção da China está subindo por conta do aumento no salário dos trabalhadores. "Nós temos de melhorar constantemente e achamos que o custo da mão de obra na China era muito baixo para o desenvolvimento social que buscamos. A vida do trabalhador deve ser melhorada constantemente", defendeu.

Sun Rongmao afirmou ainda que as reclamações dos empresários brasileiros quanto à invasão de produtos importados chineses é natural. Ele lembrou que 60% dos produtos chineses que chegam ao Brasil são peças para maquinário e indústria. "São produtos que aumentam a competitividade da indústria brasileira e estimulam as suas exportações", disse. "A China enfrentou o mesmo problema no início da nossa abertura econômica. Esse é um movimento natural, mas o Brasil vai superar isso", afirmou. A diretora-executiva da Câmara Brasil-China diz que o grande diferencial entre a produção brasileira e chinesa está na taxação.

Na avaliação dela, a indústria chinesa não precisa repassar encargos trabalhistas e tributos tão altos como no Brasil. "Os produtos chineses são mais baratos não por conta de mão de obra escrava na China, como se fala por aí. O diferencial está nos altíssimos gastos com impostos que o empresário brasileiro tem de pagar", considerou.

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