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Crise política ainda pode derrubar Lula e prejudicar emergentes, diz FT

Jornal britânico Financial Times afirma que os desdobramentos do escândalo político podem ser mais severos do que se supõe

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h47.

Enquanto o governo tenta afastar a crise política para longe do Palácio do Planalto, o jornal britânico Financial Times alerta, em reportagem publicada nesta terça-feira (13/09), que seus desdobramentos podem ser mais graves do que se supõe. A publicação não descarta, por exemplo, que as investigações acabem derrubando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A evolução do escândalo de pagamento de propinas por votos no Brasil, por exemplo, pode ainda sustentar o escalpo de seu presidente", afirma o FT.

Caso o quadro político se deteriore ainda mais e contamine a economia, o Brasil prejudicaria o apetite dos investidores internacionais pelos países emergentes em geral, segundo a publicação. Para o FT, os emergentes vivem um bom momento junto ao mercado mundial. Os spreads dos títulos soberanos desses países, por exemplo, caíram para 271 pontos sobre a remuneração dos papéis do Tesouro americano, de acordo com o índice Embi+ do banco JP Morgan. Trata-se do menor patamar já registrado, mesmo com o Brasil país de maior peso na amostra envolvido na mais grave crise política dos últimos anos (se você é assinante, leia ainda reportagem de EXAME sobre a queda do risco latino).

O fluxo de recursos para o mercado de títulos públicos já soma 5 bilhões de dólares para os emergentes neste ano. Outros 9 bilhões entraram nesses países por meio de fundos de private equity. Ambos os valores, assinala o FT, são recordes. Recentemente, Brasil e Filipinas não encontraram dificuldades para emitir um total de 2 bilhões de dólares em títulos soberanos. Além disso, a Argentina já prepara sua primeira oferta de papéis desde a reestruturação de sua dívida, no ano passado.

O que anima o mercado, neste momento, são as perspectivas de longo prazo dos emergentes. Esses países têm apresentado uma evolução positiva de indicadores como a redução do estoque de suas dívidas e baixos déficits correntes. Mas o FT alerta que o interesse dos investidores pode não durar muito. Outros ativos podem se tornar atraentes, como uma eventual recuperação dos preços de commodities. "Mesmo o bom e velho risco político não pode ser ignorado", diz o jornal, acentuando o papel da crise brasileira neste panorama.

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