Economia

Diretora da OMC diz que organização 'continua viva' apesar de guerras tarifárias

Ngozi Okonjo-Iweala afirmou que, apesar das mudanças recentes no cenário global, sistema forjado pela organização dentro de 80 anos ajudou cerca de 1,5 bilhão de pessoas a saírem da pobreza absoluta

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 17 de setembro de 2025 às 16h09.

Última atualização em 17 de setembro de 2025 às 16h32.

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A Organização Mundial do Comércio (OMC) "continua viva" apesar de um contexto marcado pelas guerras tarifárias, afirmou nesta quarta-feira sua diretora-geral, Ngozi Okonjo-Iweala, que lembrou que três quartos do comércio global de produtos continuam sendo realizados sob as normas do organismo.

"A morte da OMC foi anunciada muitas vezes ao longo dos anos, mesmo antes de eu ingressar na organização (...), mas nada mais longe da realidade, ela continua viva", destacou em uma palestra durante o Fórum Mundial de Comércio, realizado hoje na sede da organização.

Okonjo-Iweala admitiu que "o sistema de comércio global foi profundamente alterado, de uma forma que não se via nos últimos 80 anos", mas lembrou que o sistema forjado nessas oito décadas ajudou cerca de 1,5 bilhão de pessoas a saírem da pobreza absoluta.

Ela reconheceu que o percentual de produtos comercializados sob os termos de "nação mais favorecida", em acordos comerciais bilaterais ou multilaterais, caiu de 80% para 72% desde a onda de tarifas, mas afirmou que "também foi comprovado com surpresa o quão resiliente é o sistema".

A diretora-geral também lembrou que, em meio às tensões atuais, há momentos de aproximação, como o simbolizado nesta semana com a entrada em vigor do acordo multilateral para a redução de subsídios à pesca, depois de ser ratificado por dois terços dos países-membros da OMC.

"É a primeira vez em oito anos que um acordo entra em vigor no contexto da OMC e trata-se de um acordo particularmente importante porque foi pensado para proteger o futuro, as gerações futuras", destacou.

"Com sua ratificação por 114 membros, podemos trabalhar na redução de subsídios no valor de US$ 22 bilhões que geraram pesca ilegal, clandestina e não regulamentada em nossos oceanos", acrescentou a política nigeriana.

Okonjo-Iweala ressaltou que, no contexto atual, é preciso enfrentar a excessiva dependência que o comércio de muitas economias teve em relação à demanda dos EUA, com um enorme mercado, ou à oferta da China, por seu papel crucial nas cadeias de suprimentos globais.

"Não se trata de se afastar de EUA e China, mas é possível construir uma interdependência melhor, e inclusive esses dois países precisam se descentralizar e explorar novos mercados e parceiros comerciais", afirmou.

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